sábado, 23 de agosto de 2014

Lágrimas de Ametista. Maria Mar Carvalho. «Quem dera celebrar-te como o ópio da vida! E não pensar, fechar os olhos e não acordar!»

jdact

A Bisca
«Baralhei…
Baralhei, distraidamente, um baralho sem fim…
Parti.
Não fiz batota.
Dei.
Dei-lhes tudo.
Foi um péssimo jogo aquele;
não pude deitar a baixo;
não pude por cartas na mesa.
Perdi.
Perdi…
Foi uma vergonha.
Quebrou-se o meu orgulho de vitória;
era meia-noite;
os barcos atracavam no cais.
Perdera!
Perdera!
Perdera…»

Presença
«Ó tu que me esperas além…
Não sei quem és.
Não vejo teu rosto.
És o desconhecido,
o outro,
o outro lado da face imediata do quotidiano.
E eu te amo.
Eu te amo e não sei porque existes.
És.
E eu sonho-te,
imagino-te;
grandezas,
alegrias,
sonho,
magias!
Quem dera celebrar-te como o ópio da vida!
E não pensar,
fechar os olhos
e não acordar!»
Poemas de Maria Mar de Carvalho, in ‘Lágrimas de Ametista

JDACT