Os
meus sonhos
«Como
um sonho de névoas e lamento,
lembro-me
de em criança alguém contar
que
há até quem faça o rouxinol cegar
para
melhor cantar, com mais alento.
Na
dor, na solidão do desalento,
também
vencida uma alma a soluçar
aprende
muitas vezes a cantar,
com
a própria mágoa do seu sofrimento.
Assim,
se os versos meus que são meus cantos,
derem
doce consolo a alheios prantos,
prantos
que repercutam meu sofrer,
deixo
que a vista seja-me apagada,
afim
de que mais triste e amargurada,
possa
melhor cantar, até morrer».
Soneto de Maria Elvira, in ‘Flores do Exílio’
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