Soprava o vento pela fresta
«Soprava o vento pela fresta
a menina comia nêspera
antes de dar em segredo
o níveo corpo ao folguedo.
Mas antes provou ter tacto
pois só o queria nu no acto
um corpo bom como um figo
não se vai fo… vestido.
Para ela em tempo de ais
nunca o gozo era demais.
Lavava-se bem depois:
nunca o carro antes dos bois».
Maria sejas louvada
«Maria sejas louvada
como és tão apertada.
Uma virgindade assim
é coisa demais p’ra mim.
Seja como for o sémen
sempre o derramo expedito:
ao fim dum tempo infinito
mas muito antes do ámen.
Maria sejas louvada
tua virgindade encruada
inda me põe fora de mim.
Porque és tão fiel assim?
Por que devo eu, que dialho
só porque esperaste tanto
logo eu, o teu encanto
em vez doutro ter trabalho?!»
Poemas de Bertolt
Brecht, in ‘Da Sedução’
In Bertolt Brecht, Da Sedução, Poemas Eróticos, Gravuras de Pablo
Picasso, Editorial Bizâncio, Lisboa, 2004, ISBN 972-53-0018-1.
Cortesia da EBizâncio/JDACT