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Canção de Melinda
«Do mato Aquiles sai
Cloé no ribeiro a olhá-lo
interpela-a o herói se ela, ai
quer amá-lo?
Olha-o a donzela com aflição
e no trevo oculta o seu rosto.
O herói surpreso: … donzela, então
couraça de ouro não é do teu gosto?
Quando Aquiles está de abalo
e o ribeiro cantando vai
no mato o pássaro já não dá sinal
E ela: ai.
Diz a donzela: Ai, fácil eéa peleja
contra leão, pavão e veado
ai, não que a couraça se não veja
mas teu olho azul me faria agrado».
No pasto escuro, o vento
«No pasto escuro, o vento
qual orgão sopra
e porque a mãe a chama
apressa a broca...
No céu há nuvens e
vento que sopra:
e porque está escuro já
às cegas toca.
Porque a relva está húmida
fria e ensopa:
de encontro a um tronco ela
dá-se, a cachopa.
Venta no pasto, é vermelha
a lua nova:
no rio, donzela e filho
já têm cova».
Poemas de Bertolt
Brecht, in ‘Da Sedução’
In Bertolt Brecht, Da Sedução, Poemas Eróticos, Gravuras de Pablo
Picasso, Editorial Bizâncio, Lisboa, 2004, ISBN 972-53-0018-1.
Cortesia da EBizâncio/JDACT