sábado, 25 de outubro de 2014

Da Sedução. Pablo Picasso. Bertolt Brecht. «No frouxo adeus da manhã, uma mulher pé na soleira, fria, frio o meu juízo vi: uma madeixa cinza a aparecer a decisão de partir já não diviso»

Picasso
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Canção de Melinda
«Do mato Aquiles sai
Cloé no ribeiro a olhá-lo
interpela-a o herói se ela, ai
quer amá-lo?

Olha-o a donzela com aflição
e no trevo oculta o seu rosto.
O herói surpreso: … donzela, então
couraça de ouro não é do teu gosto?

Quando Aquiles está de abalo
e o ribeiro cantando vai
no mato o pássaro já não dá sinal
E ela: ai.

Diz a donzela: Ai, fácil eéa peleja
contra leão, pavão e veado
ai, não que a couraça se não veja
mas teu olho azul me faria agrado».


No pasto escuro, o vento
«No pasto escuro, o vento
qual orgão sopra
e porque a mãe a chama
apressa a broca...

No céu há nuvens e
vento que sopra:
e porque está escuro já
às cegas toca.

Porque a relva está húmida
fria e ensopa:
de encontro a um tronco ela
dá-se, a cachopa.

Venta no pasto, é vermelha
a lua nova:
no rio, donzela e filho
já têm cova».
Poemas de Bertolt Brecht, in ‘Da Sedução

In Bertolt Brecht, Da Sedução, Poemas Eróticos, Gravuras de Pablo Picasso, Editorial Bizâncio, Lisboa, 2004, ISBN 972-53-0018-1.

Cortesia da EBizâncio/JDACT