«De
nem sempre sublime variedade do Mundo,
da
não rara amargura,
do
remorso,
de
tudo.
Dia
a dia te nutres, dia a dia te envolves!
Dia
a dia te expandes, … tão grande que és o vulto
sobreposto
por vezes à linha do horizonte…
Dia
a dia no dia te enforcamos
e
à noite
apareces
de novo no trópico do sono.
Dia
a dia, no vento. Dia a dia, no tronco.
Tens
na carne incorpórea, de memória, mil corpos.
E
concentras nos olhos, aglutinantes, glaucos,
de
um verde que não é de esperança nem de escarro,
mas
de lago, de lodo, de limo delinquente,
a
saudade e o desprezo do Mundo que te foge.
Dia
a dia no mármore, dia a dia no vento».
Poema de David Mourão-Ferreira, in ‘Memoriam Memoriae’
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