Por que os homem deseja conhecer o futuro
«(…) A capacidade de profetizar, prever ou
adivinhar exerce um poderoso fascínio, dos povos mais primitivos até os mais
civilizados. Em todas as épocas existiram variadas formas de adivinhação,
surgidas em razão do temor e da vulnerabilidade do homem frente ao
desconhecido, o qual busca tanto conhecer o presente quanto predizer o futuro.
As artes adivinhatórias eram conhecidas na antiga Grécia, na China, e até mesmo
nos recuados tempos babilónicos. Com efeito, a mais antiga arte ou ciência da
previsão, a astrologia, surgiu na remota Caldeia e era praticada pelos
sacerdotes da época. Um dos mais antigos livros do mundo, o I Ching,
é um livro de adivinhações, e exerceu uma profunda influência na filosofia de
Confúcio, que o tinha em alta conta. Mesmo recentemente, um pensador do porte
de Carl G. Jung, arriscando a própria reputação, não hesitou em classificá-lo
como um dos livros mais fascinantes do mundo, após estudá-lo a fundo. Jung chegou
até mesmo a escrever um livro em parceria com o físico Wolfgang Pauli, Sincronicidade:
Princípio de Conexão A-Causal, onde procuraram explicar as
coincidências em geral, como também os princípios pelos quais o livro I
Ching poderia funcionar. O Tarot, ou cartas do Tarot,
é outro processo de adivinhação que possivelmente tem origem tão recuada no
tempo, que não se sabe de onde surgiu. O autor Gerard Encausse afirma que ele
originou-se entre os ciganos, em uma época recente, mas é refutado por Court
Gébelin, que afirma que estas cartas possuem origem egípcia. Na antiguidade
costumava-se praticar a chamada aruspicina, ou leitura das entranhas,
que tanto podiam ser de animais quanto de seres humanos sacrificados. As vísceras
eram estudadas com cuidado, e de suas condições gerais, o adivinho fazia os
seus presságios. A herospacia, praticada na Roma antiga, era a
leitura do fígado, cuja superfície deveria estar bem brilhante, servindo de
espelho para reflectir as imagens que se procurava ver. Também ossos, conchas,
folhas de chá, grãos de cereais e até líquidos podiam ser utilizados com o objectivo
de adivinhação. Outro meio de prever o futuro, ou o destino individual, era
pelo estudo das disposições gerais de várias partes do corpo humano. O método
que era mais conhecido e praticado era o do estudo das linhas da mão, ou quiromancia.
As origens deste método são desconhecidas, mas acredita-se que tenha surgido
inicialmente na China e na Índia. Entre os antigos navajos americanos,
era praticada uma forma de adivinhação que utilizava o tremor das mãos,
conseguido através de transes. Tal prática, que possui uma variante curativa,
não desapareceu de todo, conservada que foi pelos índios navajos das
reservas situadas no Arizona, Novo México, Utah e Colorado, nos EUA.
Uma das mais espectaculares formas de
adivinhação, que é uma forma de vidência, é o método da varinha adivinhatória,
ou rabdomancia. Tal método faz uso de uma pequena vara de
avelã cortada em forma de forquilha. Alega-se que o vedor, como é
chamado o rabdomante, é capaz de detectar cursos subterrâneos de águas, jazidas
minerais, petróleo, tesouros, e até mesmo coisas ou pessoas perdidas, apenas
pelo uso de sua vara bifurcada. O método de leitura, ou método de prospecção, é
tão somente andar pelo terreno com a vara na mão, esperando que ela se curve
repentinamente, o que faz omente nos locais procurados. É uma frustração
para os geólogos profissionais quando constatam, com desalento, que a leitura
rabdomântica é mais simples, barata e confiável do que os seus dispendiosos
esforços de perfuração, os quais se baseiam em prospecções e indícios que nem
sempre se revelam confiáveis. Isto não impede as grandes companhias de utilizarem
os serviços dos rabdomantes. Afirma-se até que a empresa petrolífera Occidental
Petroleum foi uma das primeiras a comprar poços produtores de petróleo
descobertos por eles. Uma variante mais conhecida deste método é o uso de
pêndulos, que podem ser feitos dos mais diversos e variados materiais que
se possa imaginar, desde cristais, metais, plásticos, etc. Outra forma de
tentar prever o que o destino nos reserva é pela interpretação dos sonhos. A
mente adormecida, com efeito, parece tornar-se susceptível de receber mensagens
que ultrapassam as fronteiras do espaço e do tempo. Os sonhos, em tais
condições, tornam-se vivos e intensos, com uma característica emocional
marcante. O sonhador como que fica perdido em uma região irreal, actor e
espectador de eventos arbitrários que simulam a realidade quotidiana. Em tais
condições, o sonhador entra em contacto com personagens fantásticos,
mitológicos, e tem acesso a mensagens e informações que, muitas vezes, são intensamente
intuitivas e imaginativas. Existem exemplos abundantes de pessoas que imaginaram
histórias, compuseram músicas ou então realizaram descobertas científicas que lhes
escapava durante a vigília.
O poeta Samuel Coleridge
uma vez adormeceu após tomar um sedativo à base de ópio. Ele estava lendo um
livro, e a última frase que leu foi …aqui
neste lugar, o Kublay Khan ordenou a construção de um palácio. Quando
acordou, passadas três horas, ele tinha na sua mente pelo menos 200 versos de
uma poesia de extrema beleza. Imediatamente tomou da pena e começou a
transcrevê-los, mas após escrever 54 versos, foi interrompido por um visitante.
Quando este se foi, sua inspiração já não era a mesma, e ele não escreveu mais
nada de sua obra-prima. O químico alemão Friedrich Kekulé somente conseguiu
completar uma pesquisa que fazia a respeito da estrutura molecular do benzeno,
num sonho. Neste, ele viu os átomos da molécula como se estivessem em uma
dança, após a qual eles se transformaram em uma cobra que engolia a própria
cauda». In Luiz Gonzaga Alvarenga, O Segredo das Profecias, Profecias, Oráculos
e Adivinhações, Ocultismo,
Wikipédia, 1996-2006.
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