sexta-feira, 29 de maio de 2015

Poesia. David Mourão-Ferreira. «Tens agora a mão fechada no rosto nenhum fulgor; não foi nada, não foi nada. Podia ter sido amor»

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Não foi nada
«Talvez houvesse uma flor
aberta na tua mão;
podia ser amor
mas foi apenas traição.

Talvez houvesse a passagem
duma estrela no teu rosto;
era quase uma viagem,
foi apenas um desgosto.

É tão negro o labirinto
que vai dar à tua rua;
ai de mim que nem pressinto
a cor dos ombros da lua.

Tens agora a mão fechada
no rosto nenhum fulgor;
não foi nada, não foi nada.
Podia ter sido amor.»
Poema de David Mourão-Ferreira, in ‘Antologia


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