Não
foi nada
«Talvez
houvesse uma flor
aberta
na tua mão;
podia
ser amor
mas
foi apenas traição.
Talvez
houvesse a passagem
duma
estrela no teu rosto;
era
quase uma viagem,
foi
apenas um desgosto.
É
tão negro o labirinto
que
vai dar à tua rua;
ai
de mim que nem pressinto
a
cor dos ombros da lua.
Tens
agora a mão fechada
no
rosto nenhum fulgor;
não
foi nada, não foi nada.
Podia
ter sido amor.»
Poema de David Mourão-Ferreira, in ‘Antologia’