Canção de Baal
«Se a mulher tem coxas gordas, na relva dou-lhe um encosto
a saia e calça arejo as bordas, ao sol, porque é assim que
eu gosto.
Se a mulher morde feliz, na relva eu esfrego o rosto
o ventre, os dentes e o nariz limpinhos, que é assim que eu
gosto
Se a mulher entra num jogo fogoso, mas descomposto
eu rio e dou-lhe a mão, logo: amável, que é assim que eu
gosto».
Sobre a vitalidade
«0 principal é a vitalidade
que depois de aguardente está em alta
mulher sadia e moça é uma maldade
p'ra vitalidade, que ela quer sem falta.
P'ra a cama com as mulheres levai chicote
se se enroscam em desconformidade!
Ao ar livre também dá: e sem fricote
com a necessária vitalidade.
A vitalidade também opera
no anjo mais tolo. A vitalidade.
Que de bruços deitado, como fera
coisas extremas suplicar-vos há-de.
Nem alma, nem carácter são o lema
da vitalidade, ou alavanca
e antes a cara de trás o tema
e a mulher como potranca.
A vitalidade é puro animal
a vitalidade dá-se à boa vida.
E desenfreada. Por exemplo, Baal
era uma pessoa desabrida.
(Por isso rogo a Deus, à saciedade
por vitalidade.)»
Poemas de Bertolt
Brecht, in ‘Da Sedução’
In Bertolt Brecht, Da Sedução, Poemas Eróticos, Gravuras de Pablo
Picasso, Editorial Bizâncio, Lisboa, 2004, ISBN 972-53-0018-1.
Cortesia da EBizâncio/JDACT