O
povo abriu-lhe o coração
«Diana
conhecia o príncipe Carlos desde 1965.
Ela tinha então quatro anos, ele dezassete; treze mais do que ela. Ambos se encontraram
numa festa infantil que se celebrava no palácio de Sandrigham, uma das
residências reais britânicas, onde também estavam os irmãos de ambos. É fácil
imaginar que naquele dia Diana compartilhou os seus jogos e correrias com o
príncipe André, mais próximo dela por idade e com quem os Spencer esperavam, e
não só esperavam, mas durante um tempo estiveram a manobrar em segredo para
esse fim, que um dia a sua filha mais nova contraísse matrimónio. Da mesma
maneira, é fácil imaginar que o príncipe Carlos deve ter reparado mais em
Sarah, a primogénita dos viscondes. De facto, ao longo dos anos, o príncipe foi
visto com Sarah Spencer em diversas ocasiões, o que finalmente provocou as
consequentes suspeitas e rumores nos meios de comunicação mais
sensacionalistas, que trataram de averiguar que tipo de relação havia entre
Carlos de Inglaterra e Sarah, se realmente eram algo mais do que amigos... A jovem
foi contundente quando foi interrogada a esse respeito por um jornalista. Disse
que ela não se casaria com ninguém sem estar apaixonada, mesmo que a pedisse em
casamento o próprio rei de Inglaterra. A questão ficava fechada e durante algum
tempo continuaram abertas as hipóteses sobre quem seria a mulher que se casaria
com o herdeiro da Coroa britânica, cuja vida amorosa havia já algum tempo
estava a ser motivo de graves preocupações e dores de cabeça para Isabel II.
É
em 1971, quando Diana tinha apenas
nove anos, que o príncipe Carlos, que então contava vinte e dois, conhece
Camilla Shand, futura mulher do oficial Andrew Parker Bowles, que o passar dos
anos demonstrou ser o único e verdadeiro amor de Carlos de Inglaterra.
Infelizmente para todos os protagonistas desta história, palácio de Buckingham
não viu com bons olhos a relação entre o príncipe de Gales (Carlos tinha ganho
este título em 1969) e
Camilla, uma mulher dois anos mais velha do que o herdeiro, e fez-se o possível
e o impossível para que tal relação não continuasse, embora evidentemente se
tenha fracassado. Carlos quis casar-se com Camilla imediatamente, mas encontrou
a oposição frontal da rainha, que alegou que ele era demasiado jovem para contrair
matrimónio. No entanto, a verdadeira razão da sua negativa era outra: Isabel II
e a família real em geral não gostava de Camilla Shand, essa mulher não
encaixava no protótipo de esposa que
se tinha pensado em Buckingham para o príncipe Carlos. Apesar de todo, os dois
jovens continuaram a ver-se durante algum tempo, mas finalmente, perante a
evidência de que nunca seria aceite pela rainha, Camilla decidiu casar-se com
um antigo namorado, o oficial Andrew Parker-Bowles. Carlos, pelo seu lado, não
se decidia por nenhuma das candidatas a esposa que contavam com o beneplácito
de Isabel II, e optou por continuar a ser um dos solteiros mais cobiçados das
monarquias europeias durante a década de 70.
Chegados
a este ponto da história devemos fazer referência ao importante papel que
desempenharam nela a rainha-mãe, avó de Carlos, e Ruth, lady Fermoy, a avó
materna de Diana, uma mulher de carácter forte, por cujas veias corria o
voluntarioso sangue irlandês. Estas duas damas da corte conspiraram e fizeram
uso de toda a sua manha e engenho para possibilitar o máximo número de
encontros entre Diana e Carlos, conseguindo que este finalmente visitasse
frequentemente a casa dos Spencer com o motivo da de participar em diferentes
festas e caçadas. Deveríamos perguntar-nos porque é que estas duas damas inglesas
conspiraram para que os seus respectivos netos se vissem e chegassem a decidir
casarem-se. Os interesses de lady Fermoy são, sem dúvida, fáceis de imaginar. A
avó de Diana viu que com este casamento a sua neta poderia conseguir o sonho
máximo de qualquer jovem aristocrata inglesa: não só passaria a pertencer à família
Real, mas converter-se-ia na princesa de Gales, e portanto na futura rainha
consorte. Pelo seu lado, a rainha mãe, dado que o seu querido neto estava a
entrar preocupantemente na casa dos trinta sem mostrar nenhum desejo de
casar-se, pensou com certeza que Diana, uma rapariga sem passado sentimental,
de carácter tímido e aparência ingénua, seria a excepcional personagem de que
tinha estado à espera Buckingham para o seu já não tão jovem herdeiro». In Alícia
Gallotti, Diana, Os reis voltaram-lhe as costas, O povo abriu-lhe o coração,
Projecto Editorial, tradução de Nuno Crato, 2002, NIF A 614-261-28.
Cortesia
de PEditorial/JDACT