Apelo
«Meu
amor não vás embora
vê
a vida como chora
como
é triste esta canção
não,
eu peço, não te ausentes
pois
a dor que agora sentes
só
se esquece no perdão.
Ah,
minha amada perdoa
pois
embora ainda doa
a
tristeza que eu causei
eu
peço, não destruas
tantas
coisas que são tuas
por
um mal que já paguei.
Minha
amada, se soubesses
da
tristeza que há na prece
que
a chorar te faço eu
se
soubesses no momento
todo
o arrependimento
como
tudo entristeceu.
Se
soubesses como é triste
eu
saber que tu partiste
sem
sequer dizer adeus
meu
amor, tu voltarias
e
de novo cairias
a
chorar nos braços meus».
Poema
dos olhos da amada
Oh,
minha amada,
que
olhos os teus:
são
cais nocturnos
cheios
de adeus,
são
docas mansas
trilhando
luzes
que
brilham longe,
longe
nos breus.
Oh,
minha amada,
quê
olhos os teus!
Quanto
mistério
nos
olhos teus;
quantos
saveiros,
quantos
navios,
quantos
naufrágios
nos
olhos teus.
Oh,
minha amada,
que
olhos os teus!
Se
Deus houvera,
fizera-os
Deus;
pois,
não os fizera
quem
não soubera
que
há muitas eras
nos
olhos teus.
Ah,
minha amada
de
olhos ateus:
cria
a esperança
nos
olhos meus
de
verem um dia
o
olhar mendigo
da
poesia
nos
olhos teus».
Poemas
de Vinicius de Morais, in ‘Antologia’