Alguns factos básicos sobre mudanças
climáticas
«As presentes
discussões sobre o chamado aquecimento global e as mudanças climáticas
supostamente causadas pelas actividades humanas nada têm a ver com evidências
científicas, mas com uma agenda determinada por interesses políticos,
económicos e académicos restritos. A despeito de todo o alarmismo sobre o assunto,
não existe uma única evidência factual sólida que permita atribuir às actividades
humanas, especialmente o uso de combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e
carvão mineral), quaisquer elevações anormais de temperaturas e dos níveis do
mar, retracção dos glaciares, extinção de espécies, proliferação de doenças e
numerosas outras consequências rotineiramente apresentadas com grande alarido
mediático. Não obstante, tais prognósticos catastróficas têm servido de base
para a adopção de uma agenda global de descarbonização
da economia mundial, desnecessária e irracional, além de desviar as atenções
das verdadeiras emergências globais, como as consequências das deficiências de
infraestrutura de saneamento básico, energia moderna e outros requisitos de sociedades
civilizadas. Por conseguinte, é preciso reorientar os debates e a formulação de
políticas para o campo da verdadeira ciência e do bom senso, mas, para isto, é
preciso que uma massa crítica de
cidadania esteja convencida de alguns factos elementares sobre o assunto. A
seguir, apresenta-se uma pequena lista deles.
Consenso
e cepticismo
As distorções que têm
envolvido a apresentação dos temas climáticos à opinião pública em geral
começam pela descaracterização de princípios básicos da actividade científica.
Um exemplo é o alegado consenso que
existiria na comunidade científica sobre a influência humana no clima em escala
global, que seria encarnado no trabalho do Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas, doravante IPCC,
(em inglês), órgão ligado às Nações Unidas. Ocorre que consenso é uma expressão
que não tem sentido na ciência, que não se baseia em prevalências numéricas,
mas em um compromisso permanente com a redução das imperfeições do conhecimento
dos fenómenos universais. Na história das ciências, com frequência, uma única
descoberta divergente tem sido suficiente para obrigar a uma reavaliação do
conhecimento prevalecente.
Outra distorção é a
apropriação da palavra cépticos para qualificar os cientistas e outros profissionais
críticos da atribuição da responsabilidade humana como factor preponderante nas
mudanças climáticas recentes. Ora, o cepticismo saudável deve ser uma condição
intrínseca de qualquer cientista que se preza, uma vez que o questionamento
permanente do conhecimento disponível é condição sine qua non para o
progresso científico. Como afirma o livreto Sobre ser um cientista:
conduta responsável na pesquisa, publicado em 1995 pela Academia Nacional de Ciências dos EUA, o cepticismo
organizado e vigilante, bem como uma abertura às novas ideias, são essenciais
para se precaver contra a intrusão de dogmas ou tendências colectivas nos
resultados científicos.
O
clima está sempre em mudança
O alarmismo aquecimentista passou a conferir à
expressão mudanças climáticas um carácter intrinsecamente negativo, como se
este não fosse o estado natural do clima ao longo de toda a história geológica
da Terra, de facto, em termos históricos e geológicos, não existe um clima estático. Ademais, o género Homo,
ao qual pertence a nossa espécie, surgiu junto com o Quaternário (os últimos
2,5 milhões de anos), o período geológico de mais rápidas e drásticas variações
climáticas, com bruscas variações entre os períodos glaciais prevalecentes em
90% dele e os períodos interglaciais mais quentes. Toda a Civilização tem existido
dentro de um interglacial, o chamado Holoceno, que teve início há cerca de
12.000 anos, e todos os últimos interglaciais foram mais quentes que o actual.
Ou seja, essa é a
condição que a Humanidade tem enfrentado ao longo de toda a sua existência no
planeta. Para restringir-nos apenas ao Quaternário, as grandes oscilações de
temperaturas, níveis do mar, humidade do ar e extensão dos glaciares (cobertura
de gelo e neve) têm sido a marca registada do período. As temperaturas médias
têm variado entre cerca de 8-10ºC abaixo e 4-6ºC acima das actuais (a actual
temperatura média na superfície do planeta é 15ºC); os níveis do mar, entre
120-130 m abaixo e 4-6 m acima dos actuais; e, durante as eras glaciais, vastas
massas de gelo com espessura de até 4 km cobriam grande parte do Hemisfério
Norte, descendo até ao paralelo 40ºN, nas proximidades da actual Nova York.
As transições entre
os períodos glaciais e os interglaciais têm sido relativamente rápidas, até
mesmo na escala humana. A passagem para condições glaciais pode levar algumas
poucas centenas de anos, mas já ocorreu em menos de um século. As transições
glacial-interglacial costumam ser ainda mais rápidas, como ocorreu com o
advento do Holoceno, quando as temperaturas subiram 6-8ºC em menos de
100 anos, sendo que a metade deste aquecimento (3-4ºC) pode ter ocorrido em
apenas duas décadas. Em latitudes mais altas, já se registaram elevações de
10-15ºC em menos de oito décadas. Essas taxas de variação são muito maiores que
a irrisória elevação de 0,8ºC observada entre meados do século XIX e o final do
XX». In
Geraldo Luís Lino, Comunicação, 2009, Alguns factos básicos sobre mudanças
climáticas, autor do livro A fraude do
aquecimento global: como um fenómeno natural foi convertido numa falsa
emergência mundial, Capaz Dei, 2009, Oikos, Volume 9, Rio de Janeiro, 2010,
ISSN 1808-0235.
Cortesia de
Oikos/JDACT