segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Edifício do Asilo de Inválidos Militares. Runa (Torres Vedras). «… sugeriu-lhe o caridoso pensamento de estabelecer um hospício em que os inválidos militares encontrassem agasalho, conforto e toda a caritativa protecção»


Cortesia de wikipedia

Dona Maria Francisca Benedita (25 de Julho de 1746 – 18 de Agosto de 1829)
«Também se dedicou muito ao desenho e à pintura, em que teve por mestre o afamado professor Joaquim Carneiro Silva. David Peres escreveu uma ópera, Alessandro nela Indie, expressamente para se cantar no dia 31 de Março de 1755, para solenizar o aniversário da rainha dona Mariana Vitória. Poucos meses depois deu-se a lamentável catástrofe do primeiro de Novembro, que reduziu a ruínas o teatro e o paço da Ribeira. Deram-se então algumas récitas no teatro de Salvaterra, e no do palácio da Ajuda, que se construíra de madeira a toda a pressa para alojamento da família real. Além das óperas líricas, que se cantavam, também se deram no paço oratórias e serenatas, tanto no tempo do rei José I, como no reinado de dona Maria I, tomando parte nessas festas as infantas, em que sempre sobressaía dona Maria Benedita, pela sua voz melodiosa e sentido canto. Tinha já completado 30 anos de idade, quando se desposou com seu sobrinho, o príncipe da Beira José, filho primogénito de dona Maria I, então ainda princesa do Brasil, e de seu marido e tio, o infante Pedro. O príncipe, herdeiro presuntivo da coroa, tinha apenas 16 anos; era um moço de talento, muito instruído, muito versado e entusiasta pelas coisas militares. O povo estimava-o pelo seu carácter nobre e suas boas qualidades. Desde a mais tenra infância que o príncipe José sentia decidida e terna simpatia por sua tia, simpatia que mais tarde se transformou em intenso amor. Dona Maria Benedita também estimava muito seu sobrinho, e a política não contrariou estas afeições; até o rei José I julgou de muita vantagem este enlace, e três dias antes de falecer, em 21 de Fevereiro de 1777, realizou-se o casamento do herdeiro presuntivo da coroa com sua tia materna, dona Maria Francisca Benedita, que por este facto, ficou sendo princesa da Beira. Por morte de José I, e subindo ao trono dona Maria I, receberam os recém-casados o título de príncipes do Brasil. Infelizmente, 11 anos depois duma vida pacífica e muito afectuosa, o principie adoeceu gravemente com um ataque de bexigas, que o vitimou em 11 de Setembro de 1788, deixando inconsolável sua mulher e tia, e causando geral consternação, porque todos os portugueses depositavam as esperanças naquele seu futuro e estimado rei. Não havendo sucessão, passou a ser herdeiro presuntivo da coroa o príncipe João, mais novo 6 anos que seu irmão. Com este fatal acontecimento perdeu a princesa dona Maria Benedita ao mesmo tempo o trono e um marido tão digno do profundo amor que lhe consagrava. A vida solitária, a que depois se dedicou, sugeriu-lhe o caridoso pensamento de estabelecer um hospício em que os inválidos militares encontrassem agasalho, conforto e toda a caritativa protecção. Para realizar o seu benéfico intento dona Maria I lhe ofereceu a quinta real da Luz, onde está hoje o Colégio Militar, mas a princesa, julgou o sítio acanhado, e sabendo que junto de Runa os frades bernardos do convento de Alcobaça possuíam uma propriedade denominada quinta de Alcobaça, que era muito vasta, obteve que eles lha vendessem, em 11 de Agosto de 1790, comprando também pouco depois, várias propriedades próximas, e a quinta de S. Miguel, na freguesia de Enxára do Bispo, comarca e concelho de Mafra, o que tudo custou aproximadamente 40.000$000 réis. O lugar de Runa fica no concelho de Torres Vedras; é um sitio pitoresco e de encantadoras paisagens. Em 18 de Junho de 1792 deu-se começo às obras do grandioso edifício, sob a direcção do arquitecto José Maria Costa Silva, procedendo-se nesse dia à cerimónia da colocação da pedra fundamental. Corriam os tempos maus, no entretanto a construção iniciou-se com mais de 300 operários, entre pedreiros e serventes. Quando a família Real emigrou para o Brasil, em Novembro de 1807, já as obras estavam muito adiantadas. Seguiu-se a guerra com os franceses, que terminou em 1814, e ainda mais 7 anos se conservou a família real no Rio de Janeiro, pois só em 1821, depois de ter ali chegado a notícia da revolução do Porto de 21 de Agosto de 1820, é que João VI se resolveu a voltar para a Europa». In Wikipédia, transcrito por Manuel Amaral, IASFA.

Cortesia de IASFA/JDACT