Dona Maria Francisca Benedita (25 de Julho de 1746 – 18 de Agosto de
1829)
«Também se dedicou muito ao desenho e à pintura, em que teve por mestre o
afamado professor Joaquim Carneiro Silva. David Peres escreveu uma ópera, Alessandro nela Indie, expressamente
para se cantar no dia 31 de Março de 1755, para solenizar o aniversário da rainha dona Mariana Vitória.
Poucos meses depois deu-se a lamentável catástrofe do primeiro de Novembro, que
reduziu a ruínas o teatro e o paço da Ribeira. Deram-se então algumas récitas no
teatro de Salvaterra, e no do palácio da Ajuda, que se construíra de
madeira a toda a pressa para alojamento da família real. Além das óperas
líricas, que se cantavam, também se deram no paço oratórias e serenatas, tanto
no tempo do rei José I, como no reinado de dona Maria I, tomando parte nessas
festas as infantas, em que sempre sobressaía dona Maria Benedita, pela
sua voz melodiosa e sentido canto. Tinha já completado 30 anos de idade, quando
se desposou com seu sobrinho, o príncipe da Beira José, filho primogénito de
dona Maria I, então ainda princesa do Brasil, e de seu marido e tio, o infante
Pedro. O príncipe, herdeiro presuntivo da coroa, tinha apenas 16 anos; era um
moço de talento, muito instruído, muito versado e entusiasta pelas coisas
militares. O povo estimava-o pelo seu carácter nobre e suas boas qualidades.
Desde a mais tenra infância que o príncipe José sentia decidida e terna
simpatia por sua tia, simpatia que mais tarde se transformou em intenso amor. Dona Maria
Benedita também estimava muito seu sobrinho, e a política não
contrariou estas afeições; até o rei José I julgou de muita vantagem este
enlace, e três dias antes de falecer, em 21 de Fevereiro de 1777, realizou-se o casamento do
herdeiro presuntivo da coroa com sua tia materna, dona Maria Francisca Benedita,
que por este facto, ficou sendo princesa da Beira. Por morte de José I, e
subindo ao trono dona Maria I, receberam os recém-casados o título de príncipes
do Brasil. Infelizmente, 11 anos depois duma vida pacífica e muito afectuosa, o
principie adoeceu gravemente com um ataque de bexigas, que o vitimou em 11
de Setembro de 1788, deixando
inconsolável sua mulher e tia, e causando geral consternação, porque todos os
portugueses depositavam as esperanças naquele seu futuro e estimado rei. Não
havendo sucessão, passou a ser herdeiro presuntivo da coroa o príncipe João,
mais novo 6 anos que seu irmão. Com este fatal acontecimento perdeu a princesa dona
Maria Benedita ao mesmo tempo o trono e um marido tão digno do profundo
amor que lhe consagrava. A vida solitária, a que depois se dedicou, sugeriu-lhe
o caridoso pensamento de estabelecer um hospício em que os inválidos militares
encontrassem agasalho, conforto e toda a caritativa protecção. Para realizar
o seu benéfico intento dona Maria I lhe ofereceu a quinta real da Luz,
onde está hoje o Colégio Militar, mas a princesa, julgou o sítio
acanhado, e sabendo que junto de Runa os frades bernardos do convento de
Alcobaça possuíam uma propriedade denominada quinta de Alcobaça, que era muito vasta, obteve que eles lha vendessem, em
11 de Agosto de 1790,
comprando também pouco depois, várias propriedades próximas, e a quinta de S.
Miguel, na freguesia de Enxára do Bispo, comarca e concelho de Mafra, o que
tudo custou aproximadamente 40.000$000 réis. O lugar de Runa fica no
concelho de Torres Vedras; é um sitio pitoresco e de encantadoras paisagens. Em
18 de Junho de 1792 deu-se
começo às obras do grandioso edifício, sob a direcção do arquitecto José Maria Costa
Silva, procedendo-se nesse dia à cerimónia da colocação da pedra fundamental.
Corriam os tempos maus, no entretanto a construção iniciou-se com mais de 300
operários, entre pedreiros e serventes. Quando a família Real emigrou para o
Brasil, em Novembro de 1807, já as
obras estavam muito adiantadas. Seguiu-se a guerra com os franceses, que
terminou em 1814, e ainda mais 7
anos se conservou a família real no Rio de Janeiro, pois só em 1821, depois de ter ali chegado a notícia
da revolução do Porto de 21 de Agosto de 1820, é que João VI se resolveu a voltar para a Europa». In
Wikipédia, transcrito por Manuel Amaral, IASFA.
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