quinta-feira, 31 de março de 2016

Curiosidades no 31. Vaticano. Luís Miguel Rocha. «… não deixe de procurar dois discos no chão da praça que têm gravado: Centro della Colonata. Posicione-se em cima deles. Só nesses dois pontos da praça é que as quatro fileiras de colunas se transformam numa única»

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A Colunata da Praça de São Pedro
«Quem visita a Praça de São Pedro, na Cidade do Vaticano, por vezes não repara em determinados pormenores, absolutamente deliciosos. Nenhuma imagem fará justiça ao tamanho monumental de tudo aquilo. Se ainda não visitou a praça sugiro um exercício fácil: quando vir uma imagem na televisão ou uma fotografia da Basílica de São Pedro, tente reparar no tamanho das pessoas.
Mas é a praça e a Colunata que quero destacar. A magnífica obra de Gian Lorenzo Bernini não é só um prodígio da arquitectura e da engenharia. É também uma obra matemática. O abraço que a Colunata nos dá é sentido. Não podia deixar de o ser. Quatro fileiras de gigantescas colunas dóricas abrem dois corredores para peregrinos, nas pontas, e um para veículos, no meio. Veículos da época de Bernini, evidentemente, do século XVIL Estamos, portanto, a falar de carroças, charretes, coches, etc. Estas colunas são encimadas por uma placa com cerca de setenta estátuas em cada colunata.
Se vai ou está a pensar ir a Roma e à Praça de São Pedro, não deixe de procurar dois discos no chão da praça que têm gravado: Centro della Colonata. É fácil encontrá-los. Dirija-se ao Obelisco do Vaticano, que está no centro da praça, também conhecido como Obelisco Egípcio ou Obelisco de Calígula, e daí, de um lado ou de outro, é indiferente, siga em direcção a uma das fontes, à procura dos discos no chão. Quando os encontrar, posicione-se em cima deles e olhe para a Colunata. Só nesses dois pontos da praça é que as quatro fileiras de colunas se transformam numa única, dando a ilusão de que só há colunas à frente. Dê um passo para o lado e verá todas as outras colunas a aparecerem por detrás das colunas da frente. Ao voltar ao disco, elas voltam a desaparecer. Magia.

Proibição de entrar no Vaticano
Perguntam-me muitas vezes se ainda não me proibiram de entrar no Vaticano. Só há um registo de que isso tenha acontecido a alguém. Quando Pio XII morreu, em 1958, alguém tentou vender à imprensa um filme com os seus últimos momentos de vida. Os agentes da Santa Aliança (meninas, o Rafael ainda não era nascido) foram incumbidos de encontrar o autor dessa gravação, custasse o que custasse. Descobriram que o autor das imagens era o próprio médico do papa, o doutor Galeazzi-Lisi. Este médico era um oftalmologista em quem Pio XII confiava cegamente para tratar todas as suas maleitas, nenhuma delas relacionada com os olhos. Galeazzi-Lisi foi expulso da Ordem dos Médicos italiana, e o papa João XXIII proibiu-o de voltar a pisar o Estado Cidade do Vaticano, proibição extensível a todos os seus familiares e descendentes. Essa proibição ainda está em vigor. Quanto ao filme, uns dizem que foi destruído, outros dizem que está nos Arquivos». In Luís Miguel Rocha, Obra Póstuma, Curiosidades no Vaticano, Porto Editora, Porto, 2016, ISBN 978-972-004-811-0.

Cortesia de PEditora/JDACT