A Colunata da Praça de São Pedro
«Quem visita a Praça de São Pedro, na Cidade
do Vaticano, por vezes não repara em determinados pormenores, absolutamente deliciosos.
Nenhuma imagem fará justiça ao tamanho monumental de tudo aquilo. Se ainda não visitou
a praça sugiro um exercício fácil: quando vir uma imagem na televisão ou uma fotografia
da Basílica de São Pedro, tente reparar no tamanho das pessoas.
Mas é a praça e a Colunata que quero destacar.
A magnífica obra de Gian Lorenzo Bernini não é só um prodígio da arquitectura e
da engenharia. É também uma obra matemática. O abraço que a Colunata nos dá é sentido.
Não podia deixar de o ser. Quatro fileiras de gigantescas colunas dóricas abrem
dois corredores para peregrinos, nas pontas, e um para veículos, no meio.
Veículos da época de Bernini, evidentemente, do século XVIL Estamos, portanto,
a falar de carroças, charretes, coches, etc. Estas colunas são encimadas por uma
placa com cerca de setenta estátuas em cada colunata.
Se vai ou está a pensar ir a Roma e à Praça
de São Pedro, não deixe de procurar dois discos no chão da praça que têm gravado:
Centro della Colonata. É fácil encontrá-los.
Dirija-se ao Obelisco do Vaticano, que está no centro da praça, também
conhecido como Obelisco Egípcio ou Obelisco de Calígula, e daí, de um lado ou de
outro, é indiferente, siga em direcção a uma das fontes, à procura dos discos no
chão. Quando os encontrar, posicione-se em cima deles e olhe para a Colunata. Só
nesses dois pontos da praça é que as quatro fileiras de colunas se transformam
numa única, dando a ilusão de que só há colunas à frente. Dê um passo para o
lado e verá todas as outras colunas a aparecerem por detrás das colunas da frente.
Ao voltar ao disco, elas voltam a desaparecer. Magia.
Proibição de entrar no Vaticano
Perguntam-me muitas vezes se ainda não me proibiram
de entrar no Vaticano. Só há um registo de que isso tenha acontecido a alguém. Quando
Pio XII morreu, em 1958, alguém tentou vender à imprensa um filme com os seus últimos
momentos de vida. Os agentes da Santa Aliança (meninas, o Rafael ainda não era nascido)
foram incumbidos de encontrar o autor dessa gravação, custasse o que custasse. Descobriram
que o autor das imagens era o próprio médico do papa, o doutor Galeazzi-Lisi. Este
médico era um oftalmologista em quem Pio XII confiava cegamente para tratar todas
as suas maleitas, nenhuma delas relacionada com os olhos. Galeazzi-Lisi foi expulso
da Ordem dos Médicos italiana, e o papa João XXIII proibiu-o de voltar a pisar o
Estado Cidade do Vaticano, proibição extensível a todos os seus familiares e descendentes.
Essa proibição ainda está em vigor. Quanto ao filme, uns dizem que foi destruído,
outros dizem que está nos Arquivos». In Luís Miguel Rocha, Obra Póstuma, Curiosidades
no Vaticano, Porto Editora, Porto, 2016, ISBN 978-972-004-811-0.
Cortesia de PEditora/JDACT