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«Equívocos,
distracções e disparates que desmoronaram impérios, arrasaram economias e
alteraram o rumo do nosso mundo»
Prioridade
Errada. A família em vez do futuro. 1001
«(…)
E como o mundo teria sido diferente se os escandinavos aí se tivessem
instalado... Os americanos nativos teriam provavelmente absorvido a tecnologia
e a cultura europeias em doses mais pequenas. Sem espingardas e canhões não
teria havido a possibilidade de um punhado de europeus ser capaz de dominar ou
de destruir, as culturas nativas na América do Norte e do Sul. E pelo menos a
Europa do Norte, e não a Espanha e Portugal, teria beneficiado da riqueza do
novo continente. O mundo de hoje tornou-se um lugar muito diferente só porque,
há mil anos, Freydis teve um ataque de fúria.
Uma
Promessa Tonta. A Oferta de Godwinson. Ano de 1050
A
derrota das forças inglesas por Guilherme, o
Conquistador, acabado de chegar da Normandia, foi uma grande surpresa para muitos
e, em especial, para o seu adversário, Haroldo Godwinson, cujo pai impulsionara
a nomeação de Eduardo, o Confessor, para
rei. Mas o choque maior foi depois da batalha, quando Guilherme lançou uma campanha
para varrer de Inglaterra as culturas anglo-saxónica e anglo-dinamarquesa, que se
haviam estabelecido no país, para as substituir pela dos normandos. A origem desta
batalha, que se desenrolou em Hastings, começou anos antes com a morte do rei
Canuto, em 1035. Canuto chegou a Inglaterra como conquistador mas adoptou a cultura
e a vida anglo-saxónicas. A sua morte assinalou o princípio do fim do Império Anglo-Saxónico.
As esperanças do povo recaíram nos três filhos de Canuto, que vieram rapidamente
a revelar-se ignorantes e boçais. Com isso, as atenções voltaram-se para os filhos
da viúva do rei, Emma, e para o rei anterior, Etelredo. Os dois príncipes eram descendentes
de Alfredo, o Grande.
O
filho mais velho, Alfredo (assim chamado em honra do seu famoso antecessor), possuía
qualidades magníficas. Era corajoso, carismático e as pessoas gostavam dele. Eduardo,
por seu turno, era austero como um monge, devoto e não mostrava aptidões para os
deveres de administração. Além disso, devido ao exílio da sua família na Normandia,
tinha sido criado como normando. Por esta altura apareceu outro homem que
começou também o seu caminho em direcção ao poder: Godwin, conde de Wessex e líder
do sector dinamarquês. Queria ter o controlo absoluto do povo inglês sob o
sistema anglo-dinamarquês. Quando o que estava em causa eram os seus objectivos,
a sua capacidade de atraiçoar não conhecia limites. No momento em que o exilado
príncipe Alfredo chegou a Inglaterra a pretexto de visitar a mãe, que enviuvara
recentemente, Godwin mandou-o prender. Depois mandou matar os seus acompanhantes
e cegar o príncipe. Era certo que o irmão do príncipe, Eduardo, não se esqueceria
do incidente, e até é possível que tivesse começado logo a planear a sua vingança
a partir do momento em que descobriu o que acontecera. Os filhos de Canuto sucederam-lhe,
mas o seu reinado foi curto. Morreram num período de seis anos e, mais uma vez,
Inglaterra ficou sem rei. Godwin aproveitou este vazio de poder para avançar.
Possuíra uma grande influência política, porém, faltava-lhe o apoio da maioria dos
saxões. Por isso pôs em prática o que lhe pareceu ser a solução perfeita. Decidiu
que a melhor maneira de unir os saxões e os dinamarqueses e de consolidar o seu
poder seria fazer de Eduardo o rei. Um monarca da linhagem de Alfredo, o Grande, teria o apoio total do povo e Godwin
ficaria a puxar os cordelinhos. Acreditava que Eduardo seria facilmente manipulável
e que conseguiria alargar a sua esfera de influência por intermédio dele.
Quando
Eduardo nomeou os seus amigos normandos para posições elevadas, Godwin só o permitiu
até certo ponto. Para provar que a sua lealdade estava com os ingleses e não
com os normandos, Eduardo casou-se, embora de má vontade, com a bonita filha de
Godwin, Edith. É provável que Godwin tivesse tido isto em mente desde o início.
Com a filha como rainha, os seus descendentes herdariam o trono. A amargura da situação
difícil do irmão deve ter passado pela cabeça de Eduardo quando este decidiu desafiar
o sogro dominador, destruindo qualquer hipótese de Godwin poder gerar os futuros
reis de Inglaterra ao recusar-se a consumar o casamento com Edith. Eduardo vivia
uma vida monacal e de devoção religiosa, o que lhe valeu o cognome de Confessor. A sua posição valeu-lhe mais
apoios na corte, em especial entre os normandos. Fez aliados, e em 1051 conseguiu
opor-se a Godwin, enviando-o e à família para o exílio. E afastou também a sua própria
rainha». In Bill Fawcett, 100 Mistakes That Changed History, 2010, Os 100
Grandes Erros da História, tradução Pedro Rosado, Clube do Autor, Lisboa, 2012,
ISBN 978-989-724-023-2.
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do CAutor/JDACT