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Ambiguidade
«Não
me acordes
se
de acordo já estou morta
Não
me dispas
se
de pedra já me visto
Não me
beijes
se
de bruços já me mordes
Não
insistas
se
de sono já desisto
Não
detenhas o gesto
no
sentido se a mão afaga o corpo já despido»
O Nó
«Que
manso e cego o nó da tua voz!
Se
desatá-lo pudesse
dos meus
lábios…
Se
apunhalá-lo pudesse
ou
não custasse adormecer e acordar
com ele em face»
A
Voz
«Da
tua voz o corpo
o tempo já vencido
os
dedos
que
me vogam nos cabelos
e os
lábios a roçar-me a boca
nesta
mansa tontura de nunca tê-los
Meu
amor
nos
quartos na memória não ocupamos nós
se não partimos…
Mas
porque assim te invento
e já
te troco as horas vou passando dos teus braços que não sei
para
o vácuo em que me deixas
se
demoras nesta mansa certeza que não vens»
Poemas
de Maria Teresa Horta, in “As
Palavras do Corpo”
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