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Depoimento
«Eis
que desço
As
mãos
Os
dedos nus
Eis
que empunho
O vidro
Pela
face
Eis
que te utilizo
E te
Destruo
Eis
que te construo
E te
Desfaço
Eis
o gume novo
Desta
Pedra
Eis
a faca aberta
Na
Manhã
As
árvores
Ocultas
nas palavras
O couro
a violência
O trilho
A lã
Eis
o linho
Bordado
Numa
cama
A linha
Na
fímbria
Da
toalha
O fuso
o feltro
O fundo
Da
memória
Eis
a água
Dita
Como
vã
Depostos
Objectos
Da
batalha
A tenda
a espada
A sela
A sede
a vela
Eis
que deponho
Aquilo
Que
me ganha
E
que retorno
À sede
com que visto
A faca
de sede com que rasgo
O rigor
da calma
O
rigor das pernas
O rigor
dos seios quando minto».
Poemas de Maria Teresa Horta, in ‘As Palavras do Corpo’
In
Maria Teresa Horta, As Palavras do Corpo, Publicações dom Quixote, Lisboa,
2014, ISBN 978-972-204-903-0.
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