Camponês Alentejano
«O Alentejo de lés-a-lés
É pacífico e é humano
Em frente mostra que és
Camponês Alentejano.
E mostra que és alguém
E fazer o bem és capaz
E mostra que sabes também
Erguer o símbolo da paz…
E sabes o mal que se faz
Sem dele poderes fugir
Desejas ver e sentir
Acabar o ódio e a guerra
E as criancinhas a sorrir
Neste planeta que é a terra.
Faz ouvir a tua voz!
.Até aos pontos vitais
Não queiras ser teus avós
Que foram uns marginais.
Camponês, somos iguais
Aos dos fábricas ou liceus
E não queremos, ó Rei dos Céus.
Portugueses de primeira
E quem estiver na Lei de Deus
Pensa da mesma maneira.
Se nalguns senhores reparasses
A agricultura, é indiferente
E ainda em algumas classes
O camponês não é gente
Ele trabalha humildemente
Nesses bens essenciais
E desde a fruta aos cereais
Faz produzir com amor,
Mas produzia muito mais
Se lhe dessem mais valor.
Alentejo tens teus segredos
Só tu conheces, camponês
Entre as planícies e arvoredos
Sentes-te mais português
Que vigias o gado muita vez
Lá longe, ao som do chocalho
Nas manhãs lindas de orvalho,
Reflectes essa verdade:
Que sem o fruto do teu trabalho
Não
viveria a humanidade».
Quem ama mulher bonita
«Quem ama mulher bonita,
É amar em desmedida.
Ele por certo acredita
Que há milagres na vida.
O milagre sempre é esperado,
Quando o pior não se evita.
Anda-se sempre desconfiado
Quem ama mulher bonita.
Só acredita quem quer.
Quem experimentou não duvida.
Ser escravo da mulher
É amar em desmedida.
Se mulher bonita dá chatices,
Se por ciúme ele se irrita.
Ela fala com meiguices
E ele por certo acredita.
Se ela for só do marido,
E sem ter vaidade de ser querida.
Eu fico então convencido
Que
há milagres na vida».
Poemas de Manuel Costa Viegas
Edição
do Autor, in “Perante Deus somos iguais”; Julho de 1993