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Cartas
e quadras de Agostinho da Silva
«(…) Em todas estas quadras de
Agostinho da Silva há uma grande reflexão sobre a existência de Deus ou sobre o
que ele pensava ser a íntima essência da divindade. Sem fazer comentários (cada
um deverá fazer os seus comentários interiores), apresento-vos algumas das
quadras que publicou sobre essa temática:
Se não
sabes o caminho
e a
sorte nenhum prefere
toma
então pelo mais duro
é esse
o que Deus te quer.
Acho
que Deus não escreve
e
também que Deus não fala
e que
nos sustenta vivos
a vida que nele cala.
Dizendo
que é só amor
fazes
Deus menor que Deus
cercas
o ilimitado
dos
limites que são teus.
E
venha filosofia
teologia
que farte
o que
se pense de Deus
é só
de Deus uma parte.
Mais
que a teu Deus sê fiel
ao que
tu sejas de Fé
talvez
o Deus que te crias
oculte
o Deus que Deus é.
O mais
simples alicerce
traz
logo a casa traçada
se eu
quiser chegar a Deus
começarei
por ser nada.
Posso
dizer-lhes de Deus
quanto
queiram mas calado
aprovarão
se há silêncio
mas se
me escutam cuidado.
Se
Deus quisesse ocupar
lugar
a si mesmo igual
preenchia
todo o nada
e o deixava tal e qual.
Sobre o Espírito Santo, cujo
culto Agostinho considerava ser a essência da cultura portuguesa, tem uma
quadra sintética e bem demonstrativa da sua posição:
Do que
é o Espírito Santo
só
diga quem fique mudo
que
palavra há que me leve
àquele
nada que é tudo.
Há sempre uma grande aceitação
tanto do mundo transcendente quanto do mundo concreto, imanente, em que todos
nós vivemos. Embora acredite na crença, esta tem sempre base na desconfiança,
na dúvida. Só com o vencimento das dúvidas, das desconfianças, é que se chega à
crença, sendo no entanto sempre uma crença imperfeita. Refere:
Do que
é certo desconfia
do
duvidar te enamora
é bom
não saber de Deus
quem de dentro a Deus adora.
E o mesmo diz do mistério. Ao
longo da História, por motivos naturais e aceitáveis, o ser humano tem tentado
constantemente vencer os mistérios e os segredos. Andamos sempre em demanda de
uma revelação dos segredos».
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