Cortesia
de wikipedia, dona helena almeida e jdact
Com
a devida vénia à doutora Ana Patrícia Silva Carriço
«(…) Os
projectos para estâncias termais, como as obras construídas, não nascem da pura
recreação de um autor, artista, ou estudante. Estes projectos são concebidos no
seio de uma formação académica ou prática profissional, e respondem a uma
necessidade real ou imaginada objetivada num programa. Programa e projecto
encontram-se, assim, indissoluvelmente ligados, contrariamente (aparentemente)
à produção noutras áreas artísticas. Os programas de arquitectura termal,
condicionadores de representações, mas por outro lado motivadores, devem
abordar o espaço, na construção e gestão, com diferentes pontos de vista dos
vários profissionais envolvidos, como arquitectos, engenheiros, sociólogos,
etc., que façam funcionar os espaços criados. Esta lógica de conjunto permite
que saúde, ambiente e espaço convivam em perfeita harmonia. A estação termal
constitui-se assim, como expressão arquitectónica do meio favorável para a
cura, acompanhando de perto as formas de sentir e pensar tanto na medicina como
na arquitectura. Este facto está presente na transformação das termas na
transição para o século XX: o clima como veículo de cura e a aclimatação como
terapêutica.
Numa
primeira parte do trabalho, é desse tempo que se vai tratar. Tendo como fio
condutor a história, esta tese visa compreender melhor a arquitectura termal no
âmbito da evolução legislativa, do planeamento dos espaços, na contribuição e
melhoria das condições e experiência dos seus utilizadores. Visa
analisar/compreender também o confronto entre o carácter técnico, funcional e o
carácter simbólico que moldaram as instituições termais especializadas no
tratamento (e mais recentemente no lazer). Numa segunda parte do trabalho, e
através da observação de fotografias antigas, de projectos e edifícios que
fizeram a história e que têm gravadas histórias, serão à luz do tema da
presente tese, analisadas as metamorfoses do espaço termal, mais concretamente
o caso das Termas de S. Pedro do Sul, onde serão examinados os Balneários
existentes como: o balneário romano, o balneário onde se banhou Afonso
Henriques, o Balneário Rainha dona Amélia e o Balneário Afonso Henriques (ou
Centro Termal) em funcionamento actualmente, tendo em atenção a sua arquitectura
peculiar, a sua história e os seus efeitos, bem como a possibilidade da
manutenção e melhoria das estâncias termais do futuro. Serão ainda analisadas
as implicações das características destes espaços na relação entre as pessoas e
o seu meio ambiente, e as implicações no espaço social construído, com o claro
objectivo de reformular as estruturas arquitectónicas que na actualidade servem
para o uso termal. Tendo em atenção o mundo cada vez mais sequioso de progresso
e cada vez com mais ofertas na área do lazer, analisar-se-ão os espaços, as
práticas, os rituais e os seus percursos até hoje, bem como o seu reaparecimento
com uma nova projecção.
Por fim, e
numa terceira e última parte, salienta-se que, a partir de todos os estudos
efetuados, elaborar-se-à um documento que poderá ser a base de um manual ou
código técnico, a propor às entidades vinculadas ao tema da investigação,
nomeadamente às entidades que tutelam o sector do termalismo.
Metodologia de Trabalho
Decorrente
das características dos objectos de pesquisa e das opções que os delimitaram e
tendo em vista atingir os objectivos fixados na secção anterior, a metodologia
foi programada de forma a encadear o processo de investigação, de uma maneira
lógica, activa e crítica, consistente com as questões, chave, tendo
privilegiado uma abordagem interdisciplinar, procurando explicitar e
compatibilizar conceitos de diferentes origens, sem esquecer o ponto de vista
do território da prática do arquitecto». In Ana Patrícia Carriço, Metamorfoses do
Espaço Termal, O Caso das Termas de S. Pedro do Sul, Tese para obtenção do Grau
de Doutor em Arquitectura, Universidade
da Beira Interior, Faculdade de Engenharia, Covilhã, 2013.
Cortesia
de UBeiraInterior/JDACT