Cortesia
de wikipedia e jdact
«(…)
Sr. e Sra. Cristo, escreveu um crítico, buscando uma tirada inteligente. E, em
termos de tirada, foi bem-sucedido. Isso foi em 1982. Em 2002, Dan Brown
publicou seu romance O código Da Vinci, em parte inspirado nas teorias do nosso
livro. Mais uma vez, a comunicação social fez a festa. O casal Cristo voltou às
manchetes. Ficou claro que ainda havia apetite para a verdade por trás das
lendas dos Evangelhos. Quem foi realmente Jesus? O que se esperava dele? O
mundo ainda hoje anseia por clareza quanto a Jesus, ao judaísmo, ao
cristianismo e aos acontecimentos que tiveram lugar dois mil anos atrás. Desde
a publicação de O Santo Graal e a linhagem sagrada, tive 22 anos mais para
reflectir sobre essas questões, para pesquisar mais e para reavaliar a história
e as implicações desses acontecimentos. Noutras palavras, mais duas décadas de
pesquisas extras sobre o que O código Da Vinci explora. Pretendo refazer a
minha longa jornada de 22 anos rumo à descoberta, levando os leitores comigo
por estes caminhos, alguns que não chegaram a lugar nenhum e outros que abriram
grandes possibilidades, mas todos eles caminhos que conduzem a uma compreensão
mais ampla da vida do homem que chamamos de Jesus, vivida por ele conforme
prova a história, não como a religião diz que ele a viveu. Os dados
apresentados aqui precisam ser lidos no ritmo de cada leitor. Os componentes da
minha explicação devem ser ponderados no tempo de cada leitor. Isso é de
extrema importância, pois quando crenças enraizadas são questionadas, como
acontece aqui, é preciso ser capaz de justificar cada passo dado ao longo do
caminho, de modo a saber por que os demos. Dessa forma, podemos ter certeza de
nossas conclusões finais. Uma leitura questionadora, contemplativa, nos permite
absorver novas descobertas de uma maneira que nos permita fazer as nossas próprias
escolhas e cristalizar as nossas próprias crenças. Se você está pronto para
esta jornada, vamos a ela.
Os
Documentos Escondidos
Meu telefone tocou. Eram umas dez
horas da manhã. Lembro do sol salpicando a parede à minha frente. Ela brilhava:
um dia perfeito para se estar numa cidadezinha do interior da Inglaterra. Pode apanhar
o próximo comboio para Londres? Não pergunte porquê. Grunhi em silêncio:
engarrafamentos. Poucos táxis. Barulho, poluição, metrôs apinhados. Um dia passado
dentro de escritórios ou me locomovendo entre eles, o sol uma lembrança
distante. Claro, respondi, sabendo que o meu amigo jamais me faria um pedido
desses se não fosse importante. E dá para trazer uma máquina fotográfica? Claro,
respondi novamente, um pouco curioso. E dá para escondê-la? Agora, sim, eu era
todo ouvidos. O que estava acontecendo? Meu amigo fazia parte de um pequeno e
discreto grupo de negociantes internacionais, intermediários e compradores de
antiguidades valiosas, nem todas detentoras dos documentos necessários à sua
comercialização no mercado formal.
Pus
uma máquina e algumas lentes numa pasta de aparência banal, acrescentei um
bocado de rolos de filme e fui de carro para a estação de caminho-de-ferro. Encontrei
meu amigo na porta de um restaurante numa famosa rua de Londres. Ele era
americano, mas estava acompanhado de um jordano, dois palestinos, um saudita e
um perito inglês de uma importante casa de leilões. Todos me aguardavam e, após
rápidas apresentações, o perito da casa de leilões nos deixou, aparentemente
preferindo não se envolver no que viria a seguir. O restante de nós caminhou
até um banco próximo, onde fomos rapidamente conduzidos, pela entrada e ao
longo de um corredor curto, a um pequeno escritório privado com janelas de
vidro fosco. Quando nos agrupámos em torno de uma mesa no centro da sala,
trocando amenidades inconsequentes, os funcionários do banco entraram carregando
dois baús de madeira, que depositaram à nossa frente. Cada baú tinha três
cadeados. Ao entrar com o segundo, um dos funcionários comentou ostensivamente,
como para ficar registado: não sabemos o que estes baús contêm. Não queremos
saber o que há neles. Trouxeram, então, um telefone e saíram, trancando a porta
pelo lado de fora. O jordano fez uma ligação para Amã. Pela breve conversa que
se seguiu (em árabe), concluí que uma autorização fora solicitada e concedida. O
jordano, então, apresentou um molho de chaves e abriu os baús». In Michael
Baigent, Os Manuscritos de Jesus, Editora Nova Fronteira, 2006, ISBN
978-852-091-898-2.
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de ENFronteira/JDACT