Segredos do Templo
«Se
existisse da forma como é descrita na Bíblia, a Arca da Aliança teria de ser um
dos artefactos mais extraordinários da história. A arca podia formar tempestades,
irradiar o fogo divino, derrubar as muralhas das cidades, destruir carruagens e
aniquilar exércitos inteiros. Além disso, tinha o poder de invocar os anjos e
até mesmo de manifestar a voz e a presença de Deus. De acordo com o Antigo
Testamento da Bíblia, a Arca foi construída pelos antigos israelitas quando
estavam no Monte Sinai, uma montanha sagrada no Deserto de Sinai, após a sua
fuga da escravidão no Egipto, há cerca de três mil anos. Foi criada a partir de
instruções de Deus, transmitidas a Moisés, o profeta é líder dos israelitas.
Ela é descrita em detalhes como um baú decorado, com pouco mais de um metro de
comprimento, oitenta centímetros de largura e a mesma medida de altura, feita
de madeira revestida de ouro. Uma borda decorada com ouro reveste a parte de
cima da Arca e em suas laterais havia arcos nos quais algumas varas podiam ser
encaixadas para que ela pudesse ser carregada. Na tampa, um de frente para o
outro, havia dois querubins, ou anjos, com as suas asas abertas. Traduções para
o inglês do termo bíblico um trono de Deus. O que de facto
representava não nos foi dito, apenas sabe-se que ficava localizado sobre a
tampa da Arca entre as asas dos anjos. O Antigo Testamento nos diz que a Arca
continha as duas tábuas de pedra talhadas com os Dez Mandamentos, que foram
escritos por Moisés quando ele estava no cume do Monte Sinai. No entanto,
proteger as tábuas que detalham a aliança entre os israelitas e Jeová, não era
o principal propósito da Arca, ela era usada para conversar com Deus. O termo Arca da Aliança, pelo qual o
artefacto é comumente conhecido, não é o nome usado para se referir a ela no
decorrer dos textos da Bíblia. Na verdade, ela é geralmente descrita como a Arca do Testemunho ou Testamento.
Noutras palavras, a arca é um local por intermédio do qual se recebe
testemunhos ou instruções religiosas. De acordo com o livro do Êxodo do Antigo
Testamento, quando os israelitas são orientados a respeito de como construir a
Arca, Deus lhes diz: E ali virei a
ti, e falarei contigo de cima do propiciatório, do meio dos dois querubins que
estão sobre a arca do testemunho.
Se a Bíblia está certa, a Arca da
Aliança era um objecto como nenhum outro, diziam que era o lugar da morada de
Deus e que podia ser usada como uma arma apavorante. No entanto, a Bíblia
fracassa em nos revelar o que de facto aconteceu com aquela que era a
propriedade mais sagrada dos israelitas. Nos é dito que o grande Rei Salomão
construiu um fabuloso templo especialmente para guardá-la e que, num certo
momento desconhecido, ela foi tirada de lá, mas para onde foi levada, ninguém
sabe. Na Idade Média os guerreiros Cavaleiros Templários passaram anos tentando
descobrir o seu novo paradeiro, e algumas lendas dizem que a encontraram. Até ao
dia de hoje, porém, o verdadeiro destino da Arca da Aliança permanece
totalmente desconhecido. Não é de se admirar, portanto, que tantos estudiosos
bíblicos, arqueólogos e aventureiros tenham gastado tanto tempo, esforço e
dinheiro tentando encontrá-la. Até agora, porém, o seu esconderijo secreto
continua sendo um dos mistérios mais bem guardados da história.
Ela de facto existiu? Se a
resposta for sim, ela de facto possuía os poderes que a Bíblia menciona? E o
maior de todos os enigmas: onde ela foi parar?
Em pé na praça em frente ao Muro das Lamentações, enquanto esperava David, estava ladeado por dezenas de veneradores judeus que se balançavam de maneira ritmada e com grande reverência diante das antigas pedras gastas pelo tempo. Ao curvar-se repetidas vezes, recitavam, com presteza, as orações dos livros que estavam bem encaixados nas suas mãos. Outros chegavam e se curvavam apenas uma ou duas vezes antes de depositarem um pedaço de papel, uma oração por escrito, nas fendas da fachada esfarelada das pedras. Essa protecção com quase quinhentos metros de comprimento e cerca de 20 metros de altura, é um local de peregrinação dos judeus de todo o mundo. Também conhecido como o Muro Ocidental, é tudo o que resta do que um dia fora o santuário mais sagrado do Judaísmo, o Templo de Jerusalém, originalmente construído pelos antigos israelitas para guardar a Arca da Aliança.
De acordo com a Bíblia, os
antigos israelitas, também chamados de hebreus, eram doze tribos nómadas que
conquistaram e se assentaram na terra de Canaã, o que hoje é Israel, Palestina,
e parte da Jordânia, há mais de três mil anos. A invasão culminou com a
conquista da cidade de Jerusalém pelo rei israelita David, por volta de 995
a.C.. De acordo com o Antigo Testamento, no segundo livro das Crónicas, o filho
e sucessor de David, Salomão, construiu o primeiro templo em Jerusalém para que
a Arca tivesse um santuário permanente. Conforme Salomão descreve com suas
próprias palavras:
Assim confirmou o Senhor a Sua palavra, que falou; porque eu me levantei em lugar de David meu pai, e me assentei sobre o trono de Israel, como o Senhor disse, e edifiquei a casa ao nome do Senhor Deus de Israel. E pus nela a arca, em que está a aliança que o Senhor fez com os filhos de Israel.
Erguido sobre o que é hoje conhecido como o Templo do Monte ou Monte Sião, uma montanha com superfície plana ao alto da cidade, o Templo de Jerusalém se tornou o ponto central da religião hebraica. Desde então, o lugar se transformou no pedaço de terra mais disputado do mundo. Nos tempos antigos, os egípcios, babilónios, persas, gregos, romanos e judeus lutaram e morreram na tentativa de conquistar o seu controle. Nos tempos medievais, os árabes e os Guerreiros derramaram seu sangue para conquistar, dominar, perder e retomar o monte sagrado. E hoje, centenas de palestinos e israelitas perdem a vida todos os anos por acreditarem que a cidade sagrada de Jerusalém é sua por direito. Antes de Salomão construir seu Templo ali, Jerusalém era apenas uma típica fortaleza, uma das dezenas onde um dia foi a terra de Canaã. Depois disso, o local se tornou o centro do mundo». In Graham Phillips, Os Templários e a Arca da Aliança, 2004, Madras Editora, 2005, ISBN 978-857-374-965-6.
Cortesia de MadrasE/JDACT
JDACT, Graham Phillips, Israel, Religião, Conhecimento, Literatura,