Roseira Verde
«Tenho uma roseira
verde
que dá rosas todo o
ano.
A cada rosa que nasce
o meu rosto sofre
dano.
No canto da minha cela
tenho uma roseira
verde.
E sou eu próprio que
rego
essa roseira mortal.
Nos passos da minha
vida
ela sobe cresce cresce
da roseira é roseiral.
À medida que ela sobe
sou eu que me vou
murchando.
Primeiro contava as
rosas
de lindas rosas
vermelhas
ia o meu corpo
enfeitando.
Agora passo por elas
fujo ao seu aroma
forte.
E se às vezes rio
brinco
outras diviso entre
as rosas
a própria face da
morte.
Roseira Dona Roseira
não me contes os meus
anos.
A cada rosa que nasce
brotam pétalas de
esperança
murcham os meus
desenganos».
Poema de António Borges Coelho. Escrito em 1962. No mar Oceano,
Lisboa, Editorial Caminho, 1981.
Poesia, António Borges Coelho, JDACT, Cultura,