quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

O Diamante de Jerusalém. Noah Gordon. «As paredes, os tapetes e os móveis eram negros sem brilho ou cinza forte. A iluminação, uma bela luz branca que dava à Coleção Hopeman um brilho sem igual…»

Cortesia de wikipedia e jdact

A Perda

Genizah

«(…) Descobriu a resposta durante uma intensificação da sua doença, quando a dor cortava a sua respiração no peito e ele viu as próprias mãos transformadas em garras azuis. Jeremiah tinha visto Malakh ha-Mavet, o anjo negro, pairando acima dele, como uma promessa. Sua morte iminente era parte da sua responsabilidade. Os sacerdotes Bukki recusavam ainda admitir que seu mundo podia mudar, mas todos os outros sentiam a aproximação da guerra. Madeira foi armazenada ao lado dos muros para fazer fogo, com o óleo para ser fervido e derramado sobre os atacantes. As primaveras em Jerusalém eram boas, mas a comida não era suficiente. Juntaram todos os cereais da cidade e armazenaram em lugares seguros e todos os rebanhos foram confiscados à espera do horror que se anunciava.

Os que teriam de viver durante o cerco eram os dignos de pena, portanto Baruch não desperdiçou piedade por si mesmo. Porém, finalmente a dor o deixou tão fraco que ele não podia mais erguer a sovela nem a marreta. Outra pessoa teria de terminar seu trabalho. Dos outros treze homens, Abiathar o Levita era o mais bem equipado para servir de escriba, mas Baruch começava a pensar como Jeremiah e escolheu Hezekiah. Era um encargo pesado para o soldado sem prática de escrita, mas ele liderava um grupo de homens armados de espada e sem dúvida morreria na defesa da cidade e os segredos morreriam com ele. Na manhã seguinte à armação das barricadas nos portões, ajudaram Baruch a chegar ao muro e ele viu que o inimigo havia chegado durante a noite e suas tendas estavam armadas, como pedaços de um mosaico que se estendia até ao horizonte. Ele e Hezekiah voltaram para a caverna e terminaram a lista dos esconderijos. No poço sob o Sakhra, ao norte do Grande Encanamento, num cano que se abre para o norte, foi escondido o documento com explicação e inventário de cada objecto e sua localização. Baruch esperou Hezekiah gravar a última letra e enrolou a folha de cobre. Fora dos muros, estrangeiros com barbas curtas e chapéus altos e pontudos já galopavam nos seus pequenos póneis em volta da cidade de David. Agora, esconda o rolo de cobre, disse ele.

O Homem dos diamantes

No seu escritório, no segundo andar, Harry Hopeman podia ver, por meio de um espelho de duas faces, lá em baixo, a opulência discreta da Alfred Hopeman & Son, Inc. As paredes, os tapetes e os móveis eram negros sem brilho ou cinza forte. A iluminação, uma bela luz branca que dava à Coleção Hopeman um brilho sem igual, como se toda a loja fosse uma caixa forrada de veludo. Seu visitante era um inglês chamado Sawyer. Harry sabia que ele estava comprando acções de companhias para os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo. Era também do conhecimento geral que a compra era apenas parte do trabalho de Sawyer. Ele ajudava a manter a lista negra da OPEP das firmas americanas que negociavam com Israel. Tenho clientes interessados em comprar um diamante, disse Sawyer. Oito meses antes, um cliente do Kuwait havia encomendado um colar a Hopeman & Son, e então o pedido foi cancelado de repente. Desde então, não tinham vendido nada para os países árabes. Terei prazer em mandar mostrar o que nós temos, disse ele, intrigado.

Não, não. Eles querem um diamante em particular, oferecido à venda na Terra Santa. Onde? Sawyer levantou a mão. Em Israel. Eles querem que o senhor vá a Israel comprar o diamante. É bom saber que precisam de mim. Sawyer deu de ombros. O senhor é Harry Hopeman. Quem são eles? Não tenho permissão para dizer. O senhor compreende. Não estou interessado, disse Harry. Sr. Hopeman. Será uma viagem breve que abrirá uma porta muito importante e muito dinheiro para o senhor. Nós somos negociantes. Por favor, não deixe que a política... Sr. Sawyer, se seus empregadores querem que eu trabalhe para eles, devem-me pedir pessoalmente». In Noah Gordon, O Diamante de Jerusalém, 1979, Bertrand Editora, 1998, ISBN 978-972-251-041-7.

Cortesia de BertrandE/JDACT

JDACT, Noah Gordon, Literatura, Religião, Conhecimento,