quarta-feira, 21 de julho de 2021

O Legado dos Templários. Steve Berry. «As pessoas perceberam o que se passava e começaram a fugir dos seus lugares, correndo para o exterior pela porta das traseiras. Malone aproveitou a confusão para espreitar por cima dos bancos»

 

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Abbaye des Fontaines. Pirinéus Franceses.

Roskilde

«(…) Ao avistar as torres espiraladas da catedral, tocou no ombro do condutor e disse-lhe: Vagn, não te importas de me deixar sair? Vou ficar mais um pouco. Tens a certeza? Sim, lembrei-me agora que ainda tenho umas coisas para fazer.

Stephanie passou ao lado da nave e mergulhou ainda mais no interior da catedral. Para lá dos enormes pilares que se elevavam à sua direita, o serviço religioso continuava. Os saltos baixos dos sapatos faziam barulho no chão de pedra, mas apenas ela os escutava, graças ao som imponente do órgão. O caminho à sua frente rodeava o altar-mor e uma série de meias paredes e estátuas dividiam o claustro do coro. Olhou para trás e viu o homem que dizia chamar-se Bernardo a caminhar vagarosamente. Contudo, dos outros dois homens não havia nem sinal. Apercebeu-se de que não tardaria a chegar à entrada principal, mas do lado contrário do edifício. Apercebia-se, pela primeira vez, dos riscos que os seus agentes corriam. Ela nunca trabalhara no terreno, tal não fazia parte das suas funções mas aquela também não era uma missão oficial. Tratava-se de um assunto pessoal e oficialmente encontrava-se de férias. Ninguém sabia que ela viajara para a Dinamarca, à excepção de Cotton Malone e, tendo em conta a sua situação, esse anonimato estava a tornar-se um problema. Contornou o claustro.

O seu perseguidor mantinha uma pequena e discreta distância, sabendo por certo que ela não tinha para onde fugir. Stephanie passou por um lanço de escadas de pedra que desciam para outra capela lateral e, quinze metros à sua frente, viu os dois homens aparecerem no pórtico traseiro, bloqueando-lhe a saída da igreja. Atrás de si, Bernardo continuava a avançar. À sua esquerda ficava outro sepulcro, identificado como Capela dos Reis Magos. Correu para o interior. Dois túmulos de mármore que lembravam templos romanos ocupavam o interior. Escondeu-se atrás do que ficava mais recuado e foi assolada por uma enorme sensação de pânico ao aperceber-se da sua situação. Estava encurralada.

Malone correu para a catedral e entrou pela porta principal. À direita avistou dois homens, robustos, cabelos curtos e roupas discretas, parecidos com os que lhe haviam encostado uma arma às costas. Decidiu não correr mais riscos e meteu a mão por dentro do casaco para tirar a Beretta automática, a arma que todos os agentes do Magellan Billet usavam. Conseguira autorização para ficar com a arma depois da reforma e trouxera-a às escondidas para a Dinamarca, onde era ilegal possuir uma arma de fogo. Agarrou a coronha da pistola, colocou o dedo no gatilho e escondeu-a ao lado da coxa. Há mais de um ano que não empunhava uma arma. Era uma sensação que pensava pertencer ao passado e da qual não tinha muitas saudades. Porém, o voo de um homem para a morte chamara-lhe a atenção e viera preparado. Era assim que pensava um bom agente e esse tipo de atitude já lhe salvara a vida muitas vezes. Os dois homens estavam de costas para ele, com as armas à cintura e as mãos vazias. A música do órgão abafou a sua chegada. Malone aproximou-se e disse: que noite atarefada. Voltaram-se ambos e ele mostrou-lhes a arma. Vamos ser civilizados. Por cima do ombro de um dos homens avistou um terceiro, a cerca de trinta metros, que se dirigia calmamente na sua direcção. Quando o viu deslizar a mão para o interior do casaco de cabedal não ficou à espera e saltou para a esquerda, abrigando-se numa fila de bancos vazia. O disparo ecoou mais alto do que a música e a bala acertou nos bancos à sua frente. Os outros dois homens sacaram também das armas. Deitado, Malone disparou duas vezes. Os tiros ecoaram pela catedral, acompanhando a música. Um dos homens foi atingido e o outro fugiu. Malone ajoelhou-se e ouviu mais três disparos. Baixou-se e as balas voltaram a alojar-se nos bancos de madeira. Respondeu com mais dois tiros disparados na direcção do atirador solitário. O órgão parou de tocar.

As pessoas perceberam o que se passava e começaram a fugir dos seus lugares, correndo para o exterior pela porta das traseiras. Malone aproveitou a confusão para espreitar por cima dos bancos. Viu o homem do casaco de cabedal junto à entrada de uma das capelas laterais. Stephanie, chamou por cima do rebuliço. Não houve resposta. Stephanie, sou eu, Cotton Malone. Diga-me se está bem. Não obteve qualquer resposta. Rastejou até encontrar o transepto e depois levantou-se. O caminho à sua frente rodeava a igreja e conduzia ao outro lado. Os pilares que ladeavam o trajecto tornavam impossível um tiro certeiro e mais à frente o coro iria escondê-lo por completo. Assim, começou a correr em frente». In Steve Berry, O Legado dos Templários, 2006, Publicações dom Quixote, 2007, ISBN 978-972-203-808-9.

Cortesia PdomQuixote/JDACT

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