segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Dan Brown. O Símbolo Perdido. «Aquela noite tinha sido estranhamente tranquila, e Anderson estava satisfeito. Tinha esperanças de conseguir ver um pouco do jogo dos Redskins na TV…»

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«(…) Um laboratório secreto dentro de um museu secreto, pensou ela, inserindo o cartão de acesso na porta do Galpão 5. O teclado se acendeu e Katherine digitou a sua senha. A porta de aço se abriu com um silvo. O conhecido gemido oco foi acompanhado pela mesma rajada de ar frio. Como sempre, Katherine sentiu a sua pulsação se acelerar. O trajecto mais estranho do mundo para chegar ao trabalho. Tomando coragem para a travessia, Katherine Solomon olhou de relance para o relógio de pulso ao pisar no vazio. Naquela noite, porém, não conseguiu livrar-se das preocupações ao entrar no galpão. Onde está Peter?

Fazia mais de uma década que Trent Anderson, chefe de polícia do Capitólio, supervisionava a segurança daquele complexo. Era um homem musculoso e de ombros largos, com traços finos e cabelo ruivo cortado à escovinha, o que lhe dava um ar de autoridade militar. Deixava sua arma bem visível como aviso a qualquer um que caísse na besteira de questionar seu poder. Anderson passava a maior parte do tempo coordenando o seu pequeno exército de agentes a partir de um centro de segurança de alta tecnologia situado no subsolo do Capitólio. Dali, comandava uma equipe de técnicos encarregados de examinar monitores e dados de computador, além disso controlava uma mesa telefónica que o mantinha em contacto com os funcionários da segurança.

Aquela noite tinha sido estranhamente tranquila, e Anderson estava satisfeito. Tinha esperanças de conseguir ver um pouco do jogo dos Redskins na TV de tela plana da sua sala. A partida havia acabado de começar quando o seu interfone tocou. Chefe?

Anderson resmungou e manteve os olhos grudados na televisão enquanto atendia o interfone. O que foi? Houve algum problema na Rotunda. Os agentes estão chegando lá agora, mas acho que o senhor vai querer dar uma olhada. Certo. Anderson entrou no centro nervoso do sistema de segurança: uma instalação compacta, neomoderna, cheia de monitores de computador. O que tem aí? O técnico estava ajustando uma imagem de vídeo digital no seu monitor. Câmera da galeria leste da Rotunda. Vinte segundos atrás. Ele accionou o vídeo. Anderson ficou olhando por cima do ombro do técnico. A Rotunda estava quase deserta naquele dia, ocupada apenas por uns poucos turistas. O olho treinado de Anderson foi atraído imediatamente para a única pessoa sozinha que se movia mais depressa do que as outras. Cabeça raspada. Casaco militar verde. Braço ferido numa tipóia. Um pouco manco. Postura curva. Falando no celular. Os passos do homem careca ecoaram de forma distinta no áudio até que, de repente, ao chegar bem no meio da Rotunda, ele parou, encerrou o telefonema e ajoelhou como quem vai amarrar o atacador do sapato. No entanto, em vez de fazer isso, o careca tirou alguma coisa da tipóia e a pôs no chão. Depois se levantou e seguiu mancando depressa em direcção à saída leste.

Anderson ficou olhando para o estranho objecto que o homem havia deixado para trás. Que negócio é esse? O objecto tinha uns 20 centímetros de altura e estava posicionado na vertical. Anderson se aproximou do monitor e apertou os olhos. Não pode ser o que parece! Enquanto o careca se afastava apressado, desaparecendo pelo pórtico leste, um menininho ali perto disse: Mãe, aquele homem deixou cair alguma coisa. O garoto foi ver o que era, mas de repente estacou. Após um longo instante de imobilidade, apontou para o objecto e soltou um grito ensurdecedor.

Na mesma hora, o chefe de polícia girou o corpo e saiu correndo em direcção à porta, berrando ordens pelo caminho. Mandem um rádio para todos os postos! Encontrem o careca da tipóia e prendam-no! Agora! Correndo para fora do centro de segurança, ele subiu de três em três os degraus da escadaria gasta. O vídeo de segurança havia mostrado o careca da tipóia deixando a Rotunda pelo pórtico leste. O caminho mais curto para sair do prédio, portanto, o faria passar pelo corredor leste-oeste, que ficava logo à frente.  Eu posso interceptá-lo. Depois de chegar ao topo da escada e fazer a curva, Anderson vasculhou o corredor silencioso à sua frente. Na outra ponta, um casal de idosos caminhava devagar, de mãos dadas. Perto deles, um turista louro de blazer azul lia um guia e estudava os mosaicos do tecto em frente à Câmara dos Representantes». In Dan Brown, O Símbolo Perdido, 2009, Bertrand Editora, 2009, ISBN 978-972-252-014-0.

 Cortesia de BertrandE/JDACT

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