«As pessoas que são loucas o suficiente para achar que podem mudar o mundo são aquelas que o mudam». In Pense diferente, Apple, 1997
Infância. Abandonado e escolhido. A adopção
«(…) Quando chegou a hora de ir
para o quinto ano, a escola decidiu que era melhor colocar Jobs e Ferrentino em
classes separadas. A professora da classe avançada era uma mulher corajosa e
decidida chamada Imogene Hill, conhecida como Teddy, e ela tornou-me, conforme Jobs,
uma das santas de minha vida. Depois de observá-lo por duas semanas, ela
concluiu que a melhor maneira de lidar com ele era suborná-lo. Um dia, depois
da aula, ela me deu um caderno de exercícios com problemas de matemática e
disse: Quero que você o leve para casa e faça isso. E eu pensei: Você está
louca?. E então ela puxou um desses pirulitos gigantes, que parecia tão grande
quanto o mundo. E disse: Quando você terminar, se acertar a maioria, lhe darei
isto e cinco dólares. E eu devolvi o caderno em dois dias. E, depois de alguns
meses, ele não precisava mais de subornos. Eu só queria aprender e agradar a
ela.
A sra. Hill retribuiu conseguindo
para ele coisas como um kit para polir lentes e fazer uma câmera. Aprendi mais
com ela do que com qualquer outro professor e, se não fosse por ela, tenho
certeza de que eu teria ido parar na cadeia. Isso reforçou, mais uma vez, a
ideia de que ele era especial. Na minha turma, ela só se preocupava comigo. Ela
viu algo em mim. Não era apenas a inteligência que a professora via. Anos
depois, ela gostava de exibir uma foto de classe daquele ano no Dia do Havaí. Jobs
tinha aparecido sem a camisa havaiana sugerida, mas na foto ele está na frente
e no centro vestindo uma. Ele conseguira convencer outro menino a lhe dar a
camisa.
Perto do fim do quinto ano, a
sra. Hill submeteu Jobs às provas. Eu conseguia acompanhar a segunda série do
ensino médio, lembrou ele. Agora que estava claro, não somente para ele e seus
pais, mas também para seus professores, que Jobs era intelectualmente especial,
a escola fez a proposta notável de que ele tivesse autorização para saltar dois
anos e fosse directo do fim do quinto ano para o início do oitavo. Seria a
maneira mais fácil de mantê-lo desafiado e estimulado. Seus pais decidiram,
mais sensatamente, fazê-lo pular apenas um ano. A transição foi dolorosa. Ele
era um solitário socialmente desajeitado que se viu com garotos um ano mais
velhos. Pior ainda, fez o sétimo ano numa escola diferente: a Crittenden
Middle. Ficava a apenas oito quadras (8x132m) da Monta Loma Elementary, mas sob
muitos aspectos era um mundo à parte, localizado num bairro cheio de gangues
étnicas. As brigas eram diárias, assim como as extorsões nos banheiros,
escreveu o jornalista do Vale do Silício Michael S. Malone. Era comum os alunos
levarem facas para a escola como demonstração de macheza. Na época em que Jobs
chegou, um grupo de alunos foi preso por estupro colectivo, e o autocarro de
uma escola vizinha foi destruído depois que a sua equipa venceu a Crittenden
numa disputa de luta livre». In Walter Isaacson, Steve Jobs (Edição 1),
tradução de Berilo Vargas, Denise Bottmann, Pedro Soares, Editora Companhia das
Letras, Wikipedia, iOS Books, LegiLibro, 2011, ISBN 978-853-591-971-4.
Cortesia ECdasLetras/JDACT
JDACT, Walter Isaacson, Steve Jobs, Cultura e Conhecimento,