Com a devida vénia à Doutora Rosário Cordeiro Carvalho
As grandes campanhas do século XVIII«
«(…)
No final do século XVII, a confraria beneficiava de uma situação financeira
muito confortável que lhe permitiu iniciar uma série de melhoramentos e
actualizações estéticas na igreja. Muito embora este já não exista, há notícia
de que em 1689 foi encomendada nova tribuna e trono para o altar-mor, ao
entalhador de Vila Viçosa, Bartholomeu Días, cujo montante, de acordo com os
pagamentos efectuados, importou em 67.400 reais. Dois anos depois, em 1691,
procedeu-se ao seu douramento, executado por Agostinho Mendes, de Elvas. Seguiu-se
aquela que pode ser considerada a primeira grande encomenda, onde se percebe a
intenção e o desejo de actualização do espaço da igreja. Nela se incluem os azulejos,
assinados por Manuel Santos em 1723; o novo retábulo-mor, também de 1723 e, muito
possivelmente, os retábulos colaterais. As divergências entre os investigadores
quanto às autorias e datações quer dos
azulejos quer da talha, não invalida o facto deste programa ter sido executado
sensivelmente na mesma data e constituir o primeiro e mais significativo esforço
da confraria no sentido de criar um espaço unificado e apelativo, com uma
mensagem directa e precisa, capaz de chegar a todos os que frequentavam a
igreja, fossem eles irmãos ou beneficiados das actividades da confraria. A
campanha azulejar, à qual se regressará em pormenor, foi responsável pelo
revestimento total dos panos murários do sub-coro, nave, capela-mor e coro alto
do templo, marcando uma presença muito forte neste interior. Quanto ao retábulo-mor,
atribuído por Ayres Carvalho a Claude Laprade, nunca chegou a ser dourada
devido aos elevados custos que isso implicava, acabando por ser pintado, em
1777, por Eugenio Mendes e Ignacio José Mendes, de Elvas, por 88 515 reis.
Estudos mais recentes inscrevem
este trabalho no contexto e no esquema compositivo dos retábulos contemporâneos
das restantes igrejas de Olivença, atribuídos ao entalhador lisboeta Manuel
Francisco, caracterizando-se pela profundidade e gradação das colunas, que convergem
para a tribuna do sacrário, exibindo, de forma genérica, símbolos eucarísticos
e temática mariana. Note-se o facto da sua cornija ter continuidade na própria
cornija da igreja, facto que revela o cuidado e a união entre os diversos
elementos, decorativos e estruturais.
Os retábulos das capelas laterais
são dedicados ao Pentecostes, do lado do Evangelho e à Misericórdia, do lado da
Epístola, cujas imagens são representadas num painel central em baixo relevo. O
primeiro foi pintado, apenas, em 1777 a expensas do capelão Bernardo Doreguo, e
o segundo nunca chegou a ser nem dourado nem pintado. Cerca de uma década mais
tarde, a Mesa decidiu intervir ao nível da arquitectura do edifício,
contratando, para tal, os mestres de Olivença António Lopes, Manuel Laurenço y Joseph
Lopes que, a partir de 1732, intervieram ao nível da fachada e das abóbadas do templo.
O frontispício beneficiou, então, do portal de mármore e do óculo que ainda
hoje se observa, bem como da sineira, no mesmo eixo e sobre a cornija de remate
do alçado. Não é possível determinar com exactidão se os trabalhos foram mais
abrangentes, mas o facto das paredes do templo já se encontrarem revestidas por
azulejos indicia intervenções pontuais, uma vez que fazia pouco sentido mexer
ou intervir sobre uma obra recente, correndo o risco de a destruir parcialmente».
In
Maria do Rosário Cordeiro Carvalho, Igreja da Misericórdia de Olivença, Caso de
Estudo, Wikipédia.
Cortesia de wikipedia
JDACT, Maria do Rosário Cordeiro Carvalho, Caso de Estudo, Castelo de Vide, Património, Conhecimento,