Com a devida vénia à Doutora Rosário Cordeiro Carvalho
A encomenda e a autoria dos azulejos
«(…) Infelizmente, os Livros de
Receitas e Despesas referentes aos anos de 1716 a 1725 desapareceram, razão
pela qual é mais difícil documentar quer a campanha retabular quer a azulejar.
De qualquer forma, antes de analisar a questão da autoria e da atribuição de
alguns dos painéis cerâmicos, importa definir, na medida do possível, as
encomendas e as remessas de azulejos que foram chegando a Olivença. Na verdade,
há notícia de que, em 1716, a Misericórdia recebeu azulejos para a decoração da
capela, mas a falta de documentação não permite perceber se estes foram sendo
enviados, terminando a encomenda em 1723, ou se são independentes da campanha
assinada por Manuel Santos. De acordo com Miguel Angel Vallecillo Teodoro, esta
remessa, que decorreu entre 1716 e 1718, corresponde aos azulejos da capela-mor,
remetendo os de Manuel Santos para uma encomenda datada de 1722 e concluída em
1723, mandada executar pelo procurador da Misericórdia, o letrado Manuel Luís
Soares. Por esclarecer fica também a possibilidade dos azulejos da primeira
campanha terem sido guardados e aplicados apenas em 1723, já que António Roiz
pagou a seis homens, que demoraram mês e meio para assentar os azulejos, o
valor de 24.879 reis. A inexistência de documentação para este período não
permite avançar com mais hipóteses. É precisamente sobre estes painéis da
capela-mor que recaem as maiores dificuldades de atribuição e datação, uma vez
que a assinatura de Manuel Santos e a data de 1723 não deixa grande margem para
dúvidas sobre os azulejos da nave. Os primeiros a escrever sobre o conjunto
cerâmico da Misericórdia de Olivença, Matos Sequeira e Rocha Júnior, atribuíram
os painéis da capela-mor a Gabriel del Barco. Ao contrário destes e dos
investigadores posteriores, Santos Simões não refere qualquer diferença de
tratamento entre os dois espaços, apenas isolando o coro alto, que data de
cerca de 1735, atribuindo a trabalho anónimo das oficinas do Mocambo. Já no
inventário dos Açores e da Madeira, a propósito da Igreja do Livramento,
atribui os azulejos da capela-mor de Olivença a P.M.P. Esta é a data que José
Meco aponta para a capela-mor, concordando com Rosa Maria del Rincón, e atribuindo
as cartelas a Policarpo Oliveira Bernardes. Por sua vez, Joaquim Torrinha defende
a autoria do Mestre P.M.P. para a capela-mor e cartelas, enquanto atribui a de
Manuel Santos o coro alto, concordando nesta última hipótese com Rosa Maria del
Rincón e com Miguel Angel Vallecillo Teodoro». In Maria do Rosário Cordeiro
Carvalho, Igreja da Misericórdia de Olivença, Caso de Estudo, Wikipédia.
Cortesia de wikipedia
JDACT, Maria do Rosário Cordeiro Carvalho, Caso de Estudo, Castelo de Vide, Património, Conhecimento,