segunda-feira, 23 de maio de 2022

Maria Madalena. Michael Haag. «A cidade foi ainda mais embelezada e ampliada após os hasmoneus terem sido derrubados em 37 a.C. pelos romanos, que estabeleceram um Estado cliente sob o governo de Herodes, o Grande…»

 

Cortesia de wikipedia e jdact

Um lugar chamado Magdala

«(…) Magdala, o local de nascimento de Maria Madalena, era uma aldeia miserável, de acordo com a edição de 1912 do Guia para a Palestina e a Síria, de Baedeker. A Galileia sofrera séculos de abandono e desolação sob o Império Otomano, e antes disso sob os mamelucos. Mejdal, como Magdala era chamada em árabe, foi frequentemente descrita por viajantes como empobrecida e pouco habitada; ela poderia ter sido totalmente abandonada se não tivesse recebido reassentamento de camponeses egípcios no século XIX. E mesmo assim, como Mark Twain escreveu em A viagem dos inocentes, seu livro sobre suas viagens na Terra Santa, publicado em 1867, Magdala era completamente feia e apertada, esquálida, desconfortável e suja, e as margens do mar da Galileia, cujo nome antigo, Genesaré, significava um jardim de riquezas, haviam se tornado um deserto silencioso. Nada mudou muito em Mejdal ao longo do século XX, a não ser pelo cenário se ter tornado mais desolado e deprimente; tudo o que havia para ver em Magdala eram galinhas ciscando o que restara de mosaicos antigos.

No entanto, entre aqueles mosaicos os arqueólogos hoje estão descobrindo uma vasta cidade que floresceu na época de Jesus nesta margem noroeste do mar da Galileia, um grande lago de água doce alimentado pelo rio Jordão. Escavações mostram que Magdala foi uma cidade helenística fundada no século II a.C. pelos hasmoneus, uma dinastia judaica independente que devia suas origens à revolta dos macabeus contra o domínio grego dos selêucidas nos anos 160 a.C., embora fosse uma dinastia, de qualquer forma, profundamente imbuída de cultura grega. Comparável em plano e tamanho a algumas das cidades mais importantes da Grécia e da Ásia Menor, Magdala serviu para trazer o mundo mediterrâneo ao coração da Galileia. Grandes porções de seu principal arruamento, o decúmano máximo, correndo de leste a oeste, e o cardo máximo, de norte a sul, foram descobertas, e abaixo delas canais de água que alimentavam os poços da cidade, fontes e um grande complexo de banhos públicos. Ainda mais impressionantes eram as instalações portuárias, incluindo um cais e pedras de atracação, uma bacia interior em forma de L protegida por um quebra-mar e as fundações maciças de uma torre.

Construção nessa escala só poderia ter sido realizada com o apoio dos governantes hasmoneus e com a intenção de tornar Magdala o maior porto na costa ocidental do mar da Galileia e um importante centro para a indústria de pesca e conservação dos peixes para ampla distribuição e exportação. A cidade foi ainda mais embelezada e ampliada após os hasmoneus terem sido derrubados em 37 a.C. pelos romanos, que estabeleceram um Estado cliente sob o governo de Herodes, o Grande, e seus sucessores. Escavações revelaram uma sinagoga decorada com um piso de mosaico e paredes pintadas; uma moeda encontrada dentro da sinagoga a situa no ano 29 d.C., aproximadamente o ano em que Jesus estava anunciando o reino iminente de Deus em todas as cidades e aldeias da Galileia. Perto das ruínas da antiga sinagoga foi construído um moderno centro de peregrinação, revivendo uma antiga tradição, acolhendo aqueles que chegam na esperança de encontrar Maria Madalena. Talvez nesta sinagoga Maria Madalena tenha ido orar e Jesus, pregar. Certamente, em 26 de Maio de 2014, durante sua visita a Jerusalém, o papa Francisco deu a sua bênção ao tabernáculo que ficará na nova igreja que está sendo construída em Magdala». In Michael Haag, Maria Madalena, Zahar, 2018, ISBN 978-853-781-739-1.

Cortesia de Zahar/JDACT

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