terça-feira, 15 de novembro de 2022

O Símbolo Perdido. Dan Brown. «Embora Katherine nunca tivesse lido o Zohar, sabia que era o texto fundamental do misticismo judaico primitivo, outrora considerado tão poderoso a ponto de ser reservado apenas para os rabinos mais eruditos»

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«(…) Nesse caso, devemos procurar aqui, disse Peter, avançando pela estante comprida e pegando outro livro. As escrituras védicas sagradas dos hindus conhecidas como Upanishads. Ele deixou o volume cair pesadamente sobre o primeiro. Heisenberg e Schrödinger estudaram este texto e lhe deram o crédito por tê-los ajudado a formular algumas das suas teorias. A explicação prosseguiu por vários minutos, e a pilha de livros empoeirados sobre a escrivaninha foi ficando cada vez mais alta. Por fim, Katherine jogou as mãos para o alto, frustrada. Tá bom! Provou seu argumento, mas eu quero estudar física teórica de ponta. O futuro da ciência! Duvido muito que Krishna ou Vyasa tivessem muita coisa a dizer sobre a teoria das supercordas e sobre modelos cosmológicos multidimensionais.

Tem razão. Não tinham mesmo. Seu irmão fez uma pausa, um sorriso cruzando seus lábios. Se você estiver falando em teoria das supercordas... Ele tornou a se aproximar da estante. Então está-se referindo a este livro aqui. Ele sacou da prateleira um volume pesadíssimo com encadernação em couro e deixou-o cair sobre a mesa com um estrondo. Tradução do século XIII do aramaico medieval original. Teoria das supercordas no século XIII?! Katherine não estava acreditando. Faça-me o favor! A teoria das supercordas era um modelo cosmológico novinho em folha. Baseado nas mais recentes observações científicas, ela sugeria que o universo multidimensional era constituído não por três..., mas sim por dez dimensões, todas elas interagindo feito cordas vibratórias, parecidas com as cordas ressonantes de um violino. Katherine aguardou enquanto o irmão abria o livro e examinava o sumário impresso em letras floreadas, avançando em seguida até um trecho logo no início. Leia isto aqui. Ele apontou para uma página desbotada de texto e diagramas.

Obediente, Katherine analisou a página. A tradução era antiquada e difícil de ler, mas, para seu total espanto, o texto e os desenhos delineavam com clareza exactamente o mesmo universo descrito pela moderna teoria das supercordas, um universo de cordas ressonantes em 10 dimensões. Então, ao avançar na leitura, ela de repente arquejou de espanto e recuou. Meu Deus, eles descrevem até como seis das dimensões estão entrelaçadas e agem como uma só?! E, dando um passo assustado para trás: Mas que livro é este? Seu irmão escancarou um sorriso. Um livro que espero que leia um dia. Ele tornou a virar as páginas até a folha de rosto, onde um elaborado frontispício impresso continha quatro palavras.

O Zohar. Versão Integral.

Embora Katherine nunca tivesse lido o Zohar, sabia que era o texto fundamental do misticismo judaico primitivo, outrora considerado tão poderoso a ponto de ser reservado apenas para os rabinos mais eruditos. Ela olhou de esguelha para o livro. Está-me dizendo que os místicos primitivos sabiam que seu universo tinha 10 dimensões? Claro! Ele gesticulou para a ilustração da página, 10 círculos entrelaçados chamados Sephiroth. É óbvio que a nomenclatura é esotérica, mas a física é muito avançada. Katherine não soube como reagir. Mas..., então por que mais pessoas não estudam isto aqui? Seu irmão sorriu. Elas vão estudar. Não estou entendendo. Katherine, nós nascemos numa época maravilhosa. Uma mudança está por vir. Os seres humanos estão no limiar de uma nova era em que vão começar a prestar novamente atenção na natureza e nos antigos costumes..., nas ideias contidas em livros como o Zohar e outros textos antigos do mundo todo. Toda a verdade poderosa tem a sua própria força da gravidade e, mais cedo ou mais tarde, as pessoas acabam atraídas por ela. Vai chegar o dia em que a ciência moderna começará a estudar a sério o conhecimento dos antigos..., e esse será o dia em que a humanidade encontrará respostas para as grandes questões que ainda não compreende». In Dan Brown, O Símbolo Perdido, 2009, Bertrand Editora, 2009, ISBN 978-972-252-014-0.

 Cortesia de BertrandE/JDACT

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