«Vários mapas, portulanos, planisférios e documentos escritos do final do século XV e princípios do século XVI, normalmente ignorados em Portugal, mostram claramente que, antes de 1490, navegadores portugueses visitaram e mapearam as penínsulas da Florida, Nova Escócia e Labrador. bem como a ilha da Terra Nova. Os mapas de Henricus Martellus e de Cristóvão Colombo, de 1490, são provas irrefutáveis disso mesmo.
Antes do ano de 1501, os
portugueses também já tinham mapeado a costa leste dos actuais Estados Unidos da
América, desde a foz do rio Mississípi no golfo do México, até Cape Cod, no Massachusetts,
tal como é mostrado no mapa de Cantino e noutros mapas feitos nos anos seguintes
com base neste planisfério inovador.
Antes de 1504,
os portugueses descobriram e mapearam secretamente a ponta mais a su1 do
continente americano, o cabo Horn, e a costa do Pacífico da América do Sul e
Central,
tal como mostra o globo terrestre desenhado num ovo de avestruz, o Ostrich Egg Globe,
feito naquele ano. Antes de 1507, toda a costa ocidental do México, dos Estados
Unidos da América e até uma parte da costa ocidental do Canadá estavam registadas
em mapas secretos portugueses, que foram levados para os grandes centros de
saber da Europa e serviram de base ao mapa-múndi de Martim Waldseemüller, feito
naquele ano.
Estas provas evidentes da pré-descoberta
portuguesa da América continuam a ser ignoradas, porque os actuais historiadores
oficiais se recusam a rever os manuais escolares que eles próprios são
encarregados de (e pagos para) actualizar, mantendo a mesma perspectiva de há décadas,
e até de há séculos, quando não se encontrava disponível a informação que existe
hoje sobre este assunto. O mesmo se aplica aos historiadores oficiais de outros
países cujas investigações se debruçam sobre as precoces descobertas do Atlântico
Ocidental, canadianos, americanos, mexicanos, argentinos, chilenos, etc…, que igualmente
se recusam a rever os seus critérios e conclusões. Nesses países haverá
certamente razões de política interna para manter a inércia e não rever os seus
próprios manuais escolares, mas também existem razões de relacionamento entre estados
que o impedem: rever a História de Portugal implicaria imediatamente a revisão da
História de vários países da Europa Ocidental e das Américas, o que desencadearia
muitos conflitos políticos e diplomáticos.
Entretanto, a verdade histórica permanece
convenientemente sepultada debaixo de milhares de toneladas de manuais de literatura
oficial, e arquivada em raros mapas ciosamente guardados em museus e também em colecções
particulares de vários países, pouco estudados pelos historiadores desses países
e muito menos ainda pelos historiadores portugueses...» In José Gomes Ferreira, O Segredo
da Descoberta Portuguesa das Américas, Oficina do Livro, chancela LrYa, 2022,
ISBN 978-989-661-557-4.
Cortesia de OdoLivro/JDACT
JDACT, José Gomes Ferreira, História, Conhecimento, Caso de Estudo, Literatura,