quinta-feira, 12 de julho de 2012

Poesia. José Saramago. «Não me peçam razões, ou que as desculpe, deste modo de amar e destruir: quando a noite é de mais é que amanhece a cor de primavera que há-de vir»


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Não me Peçam Razões...
 
Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.

Não me peçam razões por que se entenda
A força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.

Não me peçam razões, ou que as desculpe,
Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.

José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"

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