Faz hoje 100 anos que A
Sagração da Primavera se estreou em Paris. Com ela abriu um teatro e
começou uma nova Europa. Depois dela nada seria igual e é uma das obras mais
revisitadas.
«A Sagração da Primavera, do
compositor erudito russo Igor Stravinsky, subverte a
estética musical do século XX, dando origem ao Modernismo. A célebre
composição musical deste irreverente artista do século passado é hoje
considerada um símbolo da musicalidade erudita, mas na época causou polémica ao
embalar o ballet em dois actos criado
pelo não menos rebelde Vaslav Nijinsky,
coreógrafo também originário da Rússia. Este espectáculo narra a trajectória de
uma garota marcada para ser entregue como oblação à divindade primaveril, no
auge de um ritual pagão, com o objectivo de conquistar para o seu povo uma
colheita proveitosa. O cenário foi arquitectado pelo artista plástico e
arqueologista Nicholas Roerich, e a estreia se deu em pleno Théâtre des
Champs-Élysées, na capital francesa, no dia 29 de Maio de 1913.
Esta obra revolucionou praticamente todas as principais características da
música de então, ou seja, o arcabouço do ritmo,
a estrutura orquestral, o timbre, a forma, os aspectos
harmónicos, a maneira como se utilizavam
as dissonâncias, e o valor conferido
à percussão, a qual sobrelevava a própria melodia.
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A linguagem de Stravinsky centra-se principalmente no ritmo, totalmente destacado em sua estética, o núcleo essencial de sua obra. Ela também é caracterizada pela carência de foco e pelo declínio da narrativa, como já se prenunciava na literatura e na pintura. Da mesma forma que nestas esferas da criação, observa-se na Sagração da Primavera a renúncia ao universo da lógica e da objectividade, um reflexo do mundo moderno». In Terra, a Sagração da Primavera.
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