«(…) De facto, salvo algumas monografias e contributos pontuais com
direito a destaque, frei Bernardo Costa, visconde de Condeixa, Vieira
Guimarães, Sousa Viterbo, António Baião, Laranjo Coelho, Garcez Teixeira,
Manuel Silva Castelo Branco, Álvaro Barbosa, Isabel Morgado Sousa Silva e Pinharanda
Gomes contam-se entre os poucos nomes que importa reter, as Ordens do
Templo e de Cristo não conheceram ainda quem, numa perspectiva global,
sistemática, sustentada, quer tradicional, quer documentalmente, e lusíada se
aventurasse a resgatar a sua história, projecto, praxis e património.
Romance Histórico e Prosa Novelística
[…]
Camilo Castelo Branco, Dois Santos não beatificados em Roma. In Duas
Horas de Leitura, Porto, 1857. Interessa o cap. II: Por causa de um
hábito de Cristo. O protagonista da narrativa dá pelo nome de Januário
Pires Miranda, alferes da 4ª legião, interveniente na batalha do Bussaco, na
sequência da qual é agraciado com o hábito de Cristo. Protagoniza um drama
porquanto impede o casamento da filha com o namorado por considerar este
impróprio, pela simples razão de não possuir o hábito. Os enamorados
professarão num convento;
Paul-Henri-Corentin Féval, (1816-1887), Les Tribunaux Secrets. Ouvrage
historique: Francs-Juges, Fanatiques, Conspirateurs, Druides, Assassins,
Thaumaturges, Inquisiteurs, Prophètes, Mally Maguires, Enfants blancs, Pieds
Noirs, Rois, Tribuns, Esclaves, Carbonari, Templiers, Chevaliers de Malte, etc.
Origines mystérieuses, révélations historiques, revers des médailles illustres, Paris, 1851-1852, 8 vols O tomo 5, na íntegra, e o 6, parcialmente, são
consagrados aos Templários. Segundo o autor a Ordem sobreviveu à fogueira e o
príncipe Philippe d' Orléans foi um dos seus últimos grão-mestres. Na
tradução de Manuel Pinheiro Chagas, Os
Tribunaes Secretos, Lisboa, 1874, 5 vols.. Reeditado com o título Os Templários: obra histórica, Lisboa, 2001;
Gaspar Frutuoso, Saudades da Terra, Ponta Delgada, 1924. No livro IV (v. 1), cap. XXXVII: Da figura, que se imagina ter a ilha de
S. Miguel, do gigante Almourol, que alguns fingiram ser guarda de uma donzela,
chamada Miraguarda, n'aquele castelo, assim chamado Almourol do seu nome, que
diziam ser seu; em que se descreve toda a sua costa marítima e a figura d'ela,
a modo d'este gigante, deitado ali no mar, com as povoações, cabos e enseadas
que ao longo d'ela correm como membros e partes de seu corpo.
Entrelaçam-se o Palmeirim de
Inglaterra, o castelo templário de Almourol e o cavaleiro de Cristo frei
Gonçalo Velho, seu comendador e primeiro capitão da ilha açoriana de S. Miguel;
Almeida Garrett, Viagens na minha terra,
Lisboa, 1846, 2 vols..Estabelece paralelismo entre templários e Companhia
de Jesus. Afirma que os jesuítas foram os
templários dos tempos modernos, no que, em absoluto, não foi inovador,
visto que o século das Luzes divulgara amplamente a alegada confluência,
quer de propósitos quer de destino, de ambos os grémios. O próprio marquês
de Pombal, chegou a sugeri-la numa missiva ao Papa, na qual expunha a
conveniência da extinção da Companhia de
Jesus: É necessário considerar, com
toda a atenção que o caso merece, o que a História nos diz àcerca da severa
punição dos templários. Mas até Fernando Pessoa dedicaria à questão
alguma atenção, já que subsiste no seu espólio um fragmento deveras sintomático: [...]
padre Fulano, tem-me causado pasmo, como católico, o facto de a sua Ordem
(Companhia de Jesus) ter um Quarto Voto, e de esse Quarto Voto ser o de
obediência ao Papa. Parece-me que semelhante voto é totalmente desnecessário
num católico, e até deixa presumir que seria de esperar dele uma falta de
obediência. Calculo por isso que o Voto não seja realmente esse. Diga-me:
realmente, verdadeiramente qual é o Quarto Voto?;
Alexandre Herculano, A Morte do Lidador 1170, in Lendas e Narrativas, Lisboa, 1851. Após o préstito que
conduz a Beja o cadáver do Lidador segue um sacerdote templário psalmodiando em voz baixa aquelas palavras do livro da
Sabedoria: Justorum autem animae in
manu Dei sunt, et non tanget illos tormentum mortis (Mas as almas dos justos estão na mão de
Deus e não as tocará o tormento da morte);
Alexandre Herculano, O Mestre Assassinado: Chronica dos Templarios. 1320 in
Panorama. Crónica-romance publicada anónima e
plagiada por Campos Júnior. A acção decorre na ilha de Mull, uma das
Hébridas, no Mar do Norte, desenrolando-se ao longo de seis capítulos, cujo
epílogo se transcreve: Perto da capela de S. João, se abriu a
sepultura de Perrail, em um terreno coberto de basto arvoredo. Um montão de
pedras se erguia sobre a campa; um verde de acácia, renovado cuidadosamente
todos os dias, distinguiu, por largo tempo, este sepulcro de outros que ali se
iam abrindo; e ainda em épocas mui posteriores celebravam os membros da ordem o
dia do seu orago junto ao lugar do último repouso do Mestre Assassinado;
George James, (1799-1860), Os últimos dias dos Templários, Lisboa, 1851. Versão a partir do
inglês por C. S. M. (Saavedra Machado). O prolífico Rainsford James foi o
celebrado autor de cerca de uma centena de novelas e romances de índole
histórica;
Luís Augusto Rebelo
Silva, (1821-?),
O Castello de Almourol. Conto do
século XVII
In Contos e Lendas, Lisboa, 1873. Por ter falecido
prematuramente, o seu autor não chegou a terminar este conto, do qual apenas
subsistem três capítulos. Os sucessos
que refere esta verídica história são situados no ano de 1663, junto de Paio de Pele, no
cenário misterioso do castelo de Almourol e de uma propriedade que Vasco
Mascarenhas unira às suas próprias por meio de dote que sua mulher, D.
Madalena, lhe trouxera pelo matrimónio».
In Manuel J. Gandra, Os
Templários e o Templarismo na Literatura Portuguesa e traduzida para português (século
XIV - 2006), pdf.
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