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Identificação de ‘Gatuz’
«(…) Fica, assim, provado que Gatuz é topónimo
português anterior a 1277, isto é,
já existia mais de oitenta e seis anos antes de Vasco Esteves fazer
testamento. É, pois, sem dúvida, anterior ao seu nascimento. A palavra Gatuz,
aplicada desde, pelo menos, a segunda metade do século XIII a uma área territorial
apreciável, mas parcelada, está hoje perdida como denominação, quer de herdades,
quer de uma torre, quer de um ribeiro. Como topónimo, foi usada, que saibamos
até à segunda metade do século XVII, dela nos dando lembrança António Carvalho
Costa, em 1712. Um pouco mais tarde,
em 1758, o pe. Miguel Martins
Mendes, pároco da freguesia de Santo Aleixo, no termo de Monforte, ao qual
pertencia então a referida área, ao citar as herdades da sua freguesia, muitas
das quais com designações que subsistem ainda hoje, aponta a da Torre
do Curvo, ao tempo do senhorio dos religiosos de Santo Agostinho Calçados
(Gracianos) do Convento de
Nossa Senhora da Penha de França de Lisboa (a citada por António Carvalho
Costa), outras herdades com o mesmo nome, mas dos religiosos Gracianos do
Colégio de Coimbra, e a herdade do Pego do Curvo, também senhorio destes
últimos. Mas não faz qualquer referência a Gatuz. Em Aires Varela, no Theatro das Antiguidades d’Elvas (Elvas,
1915), como em Victorino Almeida, nos seus Elementos para urn Diccionario de Geographia e Historia Portugueza.
Concelho d’Elvas e extinctos de Barbacena, Villa-Boim e Villa Fernando (Elvas,
1888-1891), também não encontramos referência a Gatuz. Sondagens feitas
por nós no concelho de Monforte, também não tornarem possível encontrar quem,
na região, conservasse ainda hoje memória desse topónimo perdido do Alto Alentejo.
O problema da ascendência de Vasco Esteves
Voltemos ao problema da ascendência do nosso biografado, agora
que estão adquiridos alguns dados relativos, iniludivelmente, a ele e a alguns
parentes próximos. Se na árvore genealógica da família Gato, nos séculos
XIII e XIV não encontramos até agora, como se disse, nenhum Vasco
Esteves, teremos passado por algum dos seus parentes atrás revelados? Haverá, por exemplo, alguém com o nome de seu irmão, Martim Esteves?
Há, com efeito. É Martim Esteves de Molles, filho de D. Teresa Martins e de
Estêvão Pais de Molles.
NOTA: Martim Esteves ou Martim Esteves de Molles foi neto, por
parte da mãe, de Martim Anes ou Martim Anes Cunha e de D. Sancha Gomes Silva, logo
trineto, por parte da bisavó, D. Sancha Soares, de D. Constança Afonso Gata e
de Soeiro Pires Azevedo. Martim Esteves de Molles foi casado com D. Maria ou
Moor Fernandes, filha de Fernão Rodrigues Bugalho e de D. Maria Afonso, filha
de Afonso Guilherme, de Santarém. Ignoramos se teve geração e, em caso
afirmativo, se teve filhas e alguma delas se chamou Leonor Martins, nome de uma
das sobrinhas de Vasco Esteves.
Homem que foi, por parte da mãe, tetraneto de Afonso Pires
Gato e trineto de D. Constança Afonso Gato, ignoramos quando nasceu e quando
morreu, mas é possível que a sua morte se tenha dado antes do lavrar
do testamento, de Vasco Esteves. Viveu no Alentejo, tendo deixado ao tempo
amarga lembrança em Alter do Chão, onde matou doze dos seus melhores homens-bons,
por o terem corrido da povoação e o rei Afonso IV (1325-1357) não ter corrigido
a situação». In Mário Alberto Nunes Costa, Vasco Esteves de Gatuz e o seu Túmulo
Trecentista em Estremoz, Academia Portuguesa da Historia, 1993, ISBN
972-624-094-8.
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