«Sem
palavras
gemidos,
sem
palavras
lamentos,
sem
palavras
gritos,
sem
palavras
hospitais,
sem
palavras
gritos,
lamentos, gemidos,
sem
palavras, nada mais.
A lama
é sangue
e
o olhar
remoto
aceno de vida,
moribúndia
dolorida.
Deixa
o caminho do céu
abstracta
comédia de anarquia.
O corredor
vai por aqui
e
as estrelas são portas,
brancas.
Vais
ver que não trocas
os
passos.
Lágrimas,
sangue
submissão
ó
absurdo espanto deste universo de cristos
ignorado,
ali
ao lado.
E tu
sem saber, só por ouvir dizer!
Não,
não digas que não,
eu
empurro-te
vai
ver, depois, existe
e
fala.
Agora
não».
Poema de Salette Tavares, in ‘Espelho Cego’
In
Salette Tavares, Obra Poética, 1957-1971, Biblioteca de Autores Portugueses,
Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa, 1992.
Cortesia
de Aportugueses/JDACT