«O Cromeleque dos Almendres,
o maior conjunto de menires estruturados da Península Ibérica, localizado no
concelho de Évora, foi na pp quinta-feira, dia 30 de Janeiro de 2015, reclassificado como Monumento Nacional. Este monumento que
desde 1974 é imóvel de Interesse Público, foi agora reclassificado pelo
Conselho de Ministros, no seguimento de diversos
estudos e trabalhos de escavação efectuados vieram ampliar o reconhecimento do
interesse arqueológico e científico do sítio, bem como do seu contexto
paisagístico, justificando-se a sua reclassificação como Monumento Nacional,
refere o comunicado do Governo. O sítio arqueológico é composto por diversas
estruturas megalíticas, nomeadamente cromeleque, menir e pedras, tendo sido
descoberto pelo investigador Henrique Leonor Pina, em 1964, aquando do levantamento da Carta Geológica de Portugal. Foi um monumento com funções religiosas e, provavelmente um
primitivo observatório astronómico. O monumento está situado na Herdade dos
Almendres, propriedade de José Manuel Neves». In Lusa, Rádio Campanário.
«Este
sítio arqueológico é composto por diversas estruturas megalíticas: cromeleque,
menir e pedras, pertencendo a primeira ao denominado universo megalítico eborense, com nítidos paralelos noutros
cromeleques, como no caso da Portela de Mogos, em Montemor o Novo. O
menir encontra-se implantado no topo da encosta a cerca de 1,3 Km da NE do
Cromeleque. De granito porfiróide, com cerca de 3,50 m de altura, a partir da
superfície do solo, e de secção elíptica de 1,20 x 0,80 m, foi reerguido pelo
seu proprietário, embora se suponha que a sua localização original não deveria
encontrar-se muito longe da actual. O cromeleque foi descoberto pelo
investigador Henrique Leonor Pina, em 1964,
quando se procedia ao levantamento da Carta Geológica de Portugal.
Abrangendo uma larga faixa cronológica, desde o Neolítico Médio até à Idade do
Ferro, isto é, desde finais do 6.º até inícios do 3.º milénio a. C., este sítio
apresenta, entre outros elementos, um cromeleque de planta circular irregular,
composto por cerca de 95 monólitos graníticos colocados em pequenos
agrupamentos numa área de, aproximadamente, 70 x 40 m, com uma orientação
NW-SE. Em relação aos monólitos propriamente ditos, eles possuem, no seu
conjunto, forma almendrada, alguns de consideráveis dimensões, com cerca
de 2,5 m de altura, apesar da preponderância dos de pequenas dimensões. Quanto
à sua decoração, constata-se a presença nalguns destes monólitos das
denominadas covinhas ou linhas
sinuosas e radiais. Alguns deles, quer pela profusão da gramática decorativa,
como pelo seu posicionamento estratégico no seio de todo o conjunto, parecem
assumir o papel de autênticos menires-estelas.
Na verdade, o menir 48 exibe
uma representação antropomórfica esquematizada, rodeada por círculos e
associada a representações de báculos. Para além deste, o menir 57 apresenta 13 figurações de báculos, executadas em
relevo e à escala natural. No que toca ao espólio móvel encontrado durante as
diferentes campanhas de escavação, foram recolhidos fragmentos cerâmicos e um
machado de pedra polida. Dever-se-á ainda sublinhar que a maior parte destes 95
monólitos encontrava-se apeada até serem recolocados pela equipa coordenada
pelo investigador Mário Varela Gomes, que teve o especial cuidado de
identificar a sua primitiva localização. Entretanto, esta mesma equipa tem
tentado encontrar o povoamento que lhe estaria associado, identificando um
pequeno povoado calcolítico nas suas imediações, cuja investigação se torna
imprescindível para uma melhor e mais completa compreensão do mundo que os
concebeu e as gentes que os construíram e re-utilizaram ao longo dos séculos.
Com efeito, este trata-se de um sítio cultual com forte carga mágico-simbólica,
que denuncia um exemplo singular de reutilização de um mesmo espaço sacralizado
ao longo dos tempos. Reflecte, também por isso, as próprias transformações económicas,
sociais e ideológicas ocorridas nesta larguíssima faixa temporal e neste que é
considerado, até ao momento, o maior conjunto de menires estruturados da
nossa península, e um dos mais relevantes do megalitismo europeu». In A.
Martins, Património Cultural, Igespar.
Cortesia
de Lusa e Igespar/JDACT