quarta-feira, 3 de maio de 2017

A Batalha de Toro. António F. Barata. «Em vista do que aí fica escrito e transcrito, para mim, nascido em Portugal, sem animadversão nenhuma, a Batalha do Toro não foi a desforra da de Aljubarrota»

wikipedia e jdact

1º de Março de 1476
«(…) Derrotado Affonso fugiu de noite para Castro Nuño. Fernando fugiu tambem para Zamora. O Principe vencedor ficou no campo, onde esteve três dias (Damião de Gões: Chron. do Príncipe D. João, cap. 78-79).
Le fils á Alphonse V, ayant culbuté partout les ennemis, resta maitre du champ de bataille et put se croire vainqueur (A. A. Teixeira de Vasconcelos: Portugal et la maison de Bragance, pag. 537).
O Principe ficou no campo cõ sua victoria e não curou seguir o alcance… (Acenheiro, Inéditos da Hist. Port. T. 5º pag. 273).
Não cito mais portugueses, por inútil, para mostrar o que escreveram os Castelhanos, que devem ser insuspeitos:
Enrique conde de Alla de Liste llegó em seguimento de los que huian hasta la puente de Toro: a la vuelta fué preso por cierta banda de sol enemigos que con Juan Principe de Portugal sin ser desbaratados se estuvieron en un altozano en ordenanza hasta muy tarde (Mariana: Hist. L.º XXIV, cap. X pag. 165).
Il fut long et sanglant; et quoique les Castillans fussent les plus forts, la victoire pencha plusieurs fois du côté des Portuguais… (Romay: Histoire etc. cap. XVII).
Ferdinand défit l'aile droite des ennemis, commandée par Alphonse; mais le Prince de Portugal eut la même avantage sur le Castillan… (Dictionnaire des Batailles, Paris, 1771 t. 3º).
Pudiera esta victoria costar muy caro, si el Principe de Portugal, que tuvo siempre su esquadron en ordenança, y estava muy cerca de las riberas del rio, acometiera a los nuestros, que andavan van desordenados, y esparzidos… (Çurita: Anales de Aragon, t. 4º L.º XIX Ediç. de 1610).
El Principe Don Juan se albergó con una parte del exercito baxo las murallas de Toro… (D. A. S. Compendio historico de los Reyes de el Aragon, Madrid, 1797, t. 2º, pag 312).
L'aile gauche de l'armée Portugaise s'etant ébranlée en bel ordre, l'aile droite des Castillans se mit en état de la recevoir par le même mouvement; mais les arquebusades ayant joué avec beaucoup de furie, & le choc étant violent de la part des Portugais, les Castillans pliérent & prirent la fuite… (Colmenar: Anales d'Espagne et de Portugal, tom. 1º pag. 299).
El Principe de Portugal, visto que la gente del Rey su padre era vencida é desbaratada, pensando reparar algunes de los que iban fuyendo, sobióse sobre un cabezo, á donde tañendo las trompetas, é faciendo fuegos, é recogiendo su gente, estuvo quedo con su batalla, é no consentió salir della á ninguno… (O mesmo Pulgar, pag. 89).
[…]

Vê-se de portugueses, castelhanos, de franceses e de outros que a afirmativa do sr. Moguel foi patriótica em demasia.
Bem disse Fernão Álvares Oriente: as cousas todas a aparência têm, conforme os olhos são com que se vêm.
O sr. Moguel viu a batalha de Toro com olhos de castelhano (não de espanhol, como a todos nos considera os habitantes da Península) eu vejo-a com os de português; porque força é dizê-lo as duas nações existem autónomas, apesar da natureza ter formado para ambas dos Pirineus ao extremo ocidente da Europa este trato de terra fertílimo da Península, que a política e a história retalharam, não direi para sempre; mas para enquanto Portugal for cobiçado, e se poder equilibrar na balança dos interesses europeus. Para muito escrever é o assunto, se aqui fora lugar para isso.
Em vista do que aí fica escrito e transcrito, para mim, nascido em Portugal, sem animadversão nenhuma, a Batalha do Toro não foi a desforra da de Aljubarrota.
Não a tem mesmo na história. Foi um combate indeciso». In Rocio d'apar S. Braz d'Evora. 24 de Dezembro de 1895.

In António Francisco Barata, A Batalha de Toro, 1896, Projecto Livro Livre, 661, 2015

Cortesia de PLLivre/JDACT