sábado, 31 de agosto de 2019

No 31. Chaves e as suas Fortificações. Paulo Dordio. «Um primeiro diagnóstico da evolução histórica da rede urbana portuguesa foi realizado por autores como Vitorino Magalhães Godinho e José Gentil Silva…»

Cortesia de wikipedia e jdact

Evolução urbana e arquitectónica
Cidade Portuguesa no Tempo
«(…) Entre os séculos XVI e o XVIII, as elites urbanas desenvolvem um discurso crítico em relação à matriz tardo-medieval que as suas cidades exibiam. Monumento e Monumentalidade serão as palavras de ordem por detrás de numerosas e variadas intervenções no espaço urbano cuja expressão mais completa estará na Praça regularizada e monumentalizada com equipamentos (chafarizes, pelourinhos, etc) e edifícios (Casas da Câmara, Igrejas, Igrejas da Misericórdia, Hospitais, Capelas, Palácios, etc). Para o final daquele período, tocado já pelas exigências do Iluminismo, o discurso propunha mesmo corrigir traçados a fim de adequar o desenho urbano a uma ordem e um racionalismo que seria expressão do poder do Estado. A 2ª metade do século XIX trará consigo a expansão urbana moderna com o rápido crescimento da população urbana. As cidades e as vilas preparam-se para receber esse afluxo de novas gentes elaborando Planos de Melhoramentos em cuja preocupação estará em primeiro lugar o grau zero do urbanismo, as infra-estruturas. Será a época das grandes obras municipais viárias, de iluminação pública, abastecimento de água, drenagens e saneamentos, etc.
As décadas de 1930 e de 1940, coincidindo com nova fase de expansão e crescimento urbanos, mostram a emergência da Obra Pública e do Plano Geral de Urbanização como os novos instrumentos adequados às novas exigências de planificação urbana de um Estado que se queria fazer reconhecer como forte. As duas décadas seguintes continuarão a mostrar a concretização daqueles instrumentos do urbanismo a mais das vezes falha de inovação e enredada numa inércia burocrática. As rupturas introduzidas nas décadas de 1970 e 1980 prepararam o momento actual e o futuro, numa terceira fase de expansão e crescimento, mais exigente, introduzindo novas preocupações, como as Patrimoniais, e fazendo uso de novos e mais eficazes instrumentos de planificação e controle (PDM’s, Planos de Pormenor, Inventários do Património, Planos de Salvaguarda, Planos de Reabilitação, etc).

Rede Urbana e Sociedade em Portugal
Um primeiro diagnóstico da evolução histórica da rede urbana portuguesa foi realizado por autores como Vitorino Magalhães Godinho e José Gentil Silva os quais apontaram a estagnação do respectivo desenvolvimento entre o século XVI e os inícios do XIX como um dos principais traços realçando que uma boa armadura de pequenos centros urbanos contrasta com a inexistência das cidades médias ao mesmo tempo que a capital é das primeiras cidades do mundo de então. Nos dois séculos seguintes (XIX e XX), quando por toda a Europa desenvolvida, se observa uma descolagem sem precedentes da população urbana, Portugal irá manter de uma forma generalizada níveis de urbanização diminutos, casos à parte de Lisboa e do Porto, para apenas ver acelerar o crescimento a partir da década de 1950. A incapacidade dos centros provinciais da rede urbana em atrair o êxodo rural que se verifica e que opta antes pela emigração, que é antiga e persistente, é apontada como o outro traço estrutural conexo de um mesmo esquema de bloqueamento do desenvolvimento e da Modernização da sociedade portuguesa. Uma nova geração de historiadores realizou a partir da década de 1980 uma crítica e desconstrução de paradigmas prevalecentes até aí aportando a emergência do local e um novo equacionamento do papel do centro e da periferia (José Mattoso e António Manuel Hespanha).
O trabalho crítico incidiu principalmente sobre a ideia de Estado e de Nação legada pelos historiadores do século XIX, que a historiografia do Estado Novo havia cristalizado: a omnipresença da coroa, a ideia da centralização precoce (ou o paradigma da centralização contínua e interminável (…)), a utilização dos conceitos de Estado e de Nação num sentido quase contemporâneo para falar da história portuguesa desde os finais da Idade Média, e a imagem da atrofia de todos os poderes que não os da monarquia constituíam património comum dos historiadores portugueses, quase sem excepção». In Paulo Dordio, Chaves e as suas Fortificações, Evolução urbana e arquitectónica, ARQUEOHOJE, Chaves. Levantamento Arquivístico e Bibliográfico. 2006, Chaves, Arquivo Municipal de Chaves, 2015, Wikipedia.

Cortesia doAMChaves/ARQUEOHOJE/JDACT