Cortesia
de wikipedia, dona helena almeida e jdact
Com
a devida vénia à doutora Ana Patrícia Silva Carriço
Conceitos sobre a Água e Aspectos
Históricos
Água
«(…) Substância, liquida, incolor, transparente, inodora e insípida, que se
encontra em grande abundância na natureza… Esta substância pode ser analisada
através da história sob o ponto de vista químico, bioquímico, do direito, da
culinária, da religião, da construção civil, da arte, hidrologia, constituindo
um meio e um fim em si mesma. Meio de cura, veículo de calor ou frio, este
líquido é um elemento vital à existência do homem, podendo ser analisada sob
três grandes vertentes: fonte de vida, regeneradora e purificadora. Objecto de culto, provocadora de
sentimentos, a água, tem sido objecto de análises e
a simbologia a ela associada confere-lhe sempre aspectos diferentes, e nem mesmo o
avanço da ciência fez com que a sua simbologia e os conflitos à sua volta a
alterassem. A água desempenhou, desde os tempos mais remotos um elemento
fundamental para a Vida. Inicialmente ligada à mitologia, a água desempenhou
através das ninfas um papel mágico, que prometiam, com a água, a eterna
juventude aos mortais, promovendo
este bem como condição divina.
Desde o
tempo dos egípcios, hebreus, assírios e muçulmanos que a água era usada, como
proposta curativa (Baruch, 1920), havendo ainda informação que os hindus a
usavam para combater a febre. Na Índia, na cidade de Mohenjo-Daro, existem
vestígios das mais antigas termas (2000 a.C.). Também as civilizações japonesas
e chinesas faziam longos banhos de imersão. Mas segundo Ramos (2005) foi com os
Etruscos, considerados os inventores do termalismo, que os banhos se começaram
a difundir. Junto às fontes construíam edifícios monumentais, ligando o
termalismo à religião. Iniciaram a prática do banho nos domicílios ou em
edifícios públicos, com técnicas especiais para aquecimento das águas (pois
davam muita importância à temperatura das mesmas). A falta de redes de condutas
de água era suprimida pelas bacias, que permitiram a prática do banho. Para
Baruch (1920) em 500 a.C. a civilização grega, embora com uma elevada componente
mística1 começa a deixar de ver a água com misticismo e começa a usá-la em
tratamentos específicos, nomeadamente nas doenças do foro intestinal, que eram
propagadas através da água. Alcmeon de Crotona (século V a.C., médico, filósofo
pitagórico, destacou-se como físico, biólogo e anatomista) associava certas
doenças intestinais à natureza da água consumida. Com Hipócrates, Heródoto,
Demócrito e Aristóteles são definidas as primeiras regras termais e áreas como
é o caso das termas de Oedpsus, com as quais rivalizarão mais tarde as termas
de Lesbos, Melos, Thermopylas e Scotussa, passam a ter grande importância
devido à veneração especial que havia pelas nascentes e os rituais a elas
associados.
Ainda
segundo o mesmo autor (1920). Os romanos herdaram, da civilização helénica o
gosto pelas coisas requintadas e o culto das águas como principal elemento de
saúde e bem-estar. Este reconhecimento das propriedades da água levou à sua
sacralização, colocadas sob a invocação de uma ou mais divindades, com as quais
os mortais, estabeleceram um pacto. É assim que junto às antigas termas
romanas, aparecem muitas inscrições e votos. Uma mistura de temor ditou assim
edificação de muitos balneários. O banho dividiu-se então entre banho público e
banho privado. Pelas mãos do Imperador Agrippa, a civilização Romana viu construída
a sua primeira grande estância termal. Cada vez maiores e mais extravagantes,
cada imperador tentavam superar os feitos do seu antecessor.
Em poucos
anos, os simples banhos transformaram-se em grandes complexos recreativos e
sociais, onde não faltavam outros tipos de diversão: massagens, ginástica, etc.
Os médicos passaram a receitar a prática termal encorajando os banhos públicos
para melhoria da saúde. A queda do Império romano e a introdução do
Cristianismo, que não tolerava a promiscuidade nem o nudismo fez com que se
iniciasse um período de interregno, na utilização da água e mais
particularmente nas práticas termais. Para Cavalcanti (1997) a água tem também
servido para ritos de iniciação, como no caso dos banhos na Idade Média, onde o
título de cavaleiro era concedido com grandes cerimónias. Nesta época, o banho
era tomado pelos cavaleiros em grandes tinas com água quente aromatizada (para
que ultrapassassem os combates sem mácula), possivelmente simbolizando uma
purificação espiritual na véspera da sua investidura. Jorge I de Inglaterra, a
18 de Maio de 1725, criou assim a Ordem
do Banho, formalmente A Mais Honoravel Ordem Militar do Banho, também
conhecida como Ordem de Bath,
como homenagem aos cavaleiros que experimentavam o banho na véspera da sua
coroação. Desde a coroação de Henrique IV, em 1399 (que foi rei entre 1399 e
1413), a cerimónia ficou restrita para ocasiões reais importantes, como a
coroação de um monarca, britânico, investiduras de príncipes, ou duques, bem
como de bodas reais. A última ocasião na qual os cavaleiros do Banho foram investidos
foi na coroação de Carlos II em 1661». In Ana Patrícia Carriço, Metamorfoses do
Espaço Termal, O Caso das Termas de S. Pedro do Sul, Tese para obtenção do Grau
de Doutor em Arquitectura, Universidade
da Beira Interior, Faculdade de Engenharia, Covilhã, 2013.
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