Cortesia
de wikipedia e jdact
Com
a devida vénia a João Tiago Santos Costa
«Olhar para a Palmela medieval ao
longo de cerca de 400 anos de história significa debruçarmo-nos no estudo de
conjunturas e de estruturas que acompanham o próprio devir histórico do Reino
Português desde a sua formação ao dealbar para o mundo Moderno. O facto de
constituir território da Ordem de Santiago, que aí terá estabelecido a sua
primeira e última sede conventual, influencia todo o desenvolvimento da vida
local e é, sobretudo, a partir desse enquadramento que partimos. Importa, por
isso, perceber de que modo as instituições e as pessoas que as representavam se
interrelacionavam em Palmela e entender as permeabilidades existentes entre as
mesmas, sobretudo ao nível da oligarquia local. Simultaneamente, perceber a evolução
destes comportamentos levar-nos-á também a percepcionar as lógicas de ocupação
e de exploração do espaço, procurando traçar-se uma geografia dos poderes e uma
sociologia do espaço. Por fim, e porque Palmela não constitui um território
isolado no Reino Português, abordaremos as relações institucionais
estabelecidas com os concelhos vizinhos e que, na devida medida, influenciam as
dinâmicas económicas e sociais em Palmela». In Resumo
«O
estudo das Ordens Militares em contexto medieval português constitui já um foco
de análise substancial por parte da historiografia portuguesa, não obstante
existam alguns desequilíbrios quantitativos na sua abordagem temática. Apesar
de distarem alguns anos em relação a este trabalho, os balanços
historiográficos feitos por Luís Filipe Oliveira em 2009, na introdução ao
estudo dos mestres e comendadores das Ordens de Santiago e de Avis, e aquele
que levámos a cabo em 2010 no âmbito da nossa dissertação de mestrado,
continuam ainda actuais, sendo fundamental referir também o balanço efectuado
igualmente em 2010 no âmbito do lançamento do livro The Historiography of Medieval Portugal (c. 1950-2010). De então para cá
foram produzidos alguns trabalhos que se constituem como contributos preciosos
para o desenvolvimento desta linha historiográfica. Desde logo aqueles
desenvolvidos na FCSH/Nova por intermédio de João Costa (2010), relativo à comenda
de Palmela em 1510, e de Cláudio Neto (2012), sobre a representação dos freires
das ordens militares na poesia medieval trovadoresca. Mais a Norte, tem sido a FLUP,
através das publicações do CEPESE, nomeadamente a Militarium Ordinum Analecta que continua a destacar
as ordens militares. Deste conjunto, importa salientar a edição do trabalho de
António Pestana Vasconcelos sobre a Nobreza e as Ordens Militares entre os
séculos XIV e XVI, tese defendida em 2008 e publicada em 2012 e que, contemporâneo
do trabalho acima referido de Luís Filipe Oliveira, baseia-se na análise social
das ordens, abandonando a esfera, sobretudo, institucional e normativa à qual
tem sido dado ênfase naquela universidade. Em 2013, na mesma colecção
publicou-se um interessante estudo dedicado, na sua primeira parte, ao
conceptualismo no âmbito das ordens militares, sobretudo em torno do conceito
de comenda.
[…]
Enquadramentos
«Em
termos histórico-geográficos podemos enquadrar a Península de Setúbal entre, a
Norte, o curso do rio Tejo e o perímetro da comenda de Belmonte da Ordem de
Santiago, a Sul, o Rio Sado e o Oceano Atlântico, delimitado nesta banda pela
comenda de Sesimbra, vila de Setúbal e o lugar da Marateca, do mesmo senhorio,
tocando a Este os limites de Alcácer, Canha e Cabrela e o curso da ribeira de
Canha, sendo demarcada a Oeste pela costa atlântica e pelos limites ocidentais
de Almada e de Sesimbra. Este casulo geográfico, em virtude da sua posição de
interface em relação a Lisboa e estabelecendo um eixo comunicacional entre o
Norte e o Sul do que viria a constituir o Reino português, cedo se revelou uma
zona de controlo essencial para, por um lado, as forças cristãs no seu afã
bélico rumo ao Algarve e, por outro lado, para as hostes muçulmanas que tinham
na península uma série de postos avançados, nomeadamente Almada, Coina e
Palmela, que funcionavam como atalaias e primeiros pontos de defesa de Alcácer».
In
João Tiago S. Costa, Palmela. O Espaço e as Gentes. Séculos (XII-XVI), Tese de
Doutoramento em História Medieval, FCT, FSE, MEC, QREN-POPH, 2016.
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de FCT/FSE/MEC/JDACT