quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Palmela. O Espaço e as Gentes. Séculos (XII-XVI). João Tiago S. Costa. «… os balanços historiográficos feitos por Luís Filipe Oliveira em 2009, na introdução ao estudo dos mestres e comendadores…»

Cortesia de wikipedia e jdact

Com a devida vénia a João Tiago Santos Costa

«Olhar para a Palmela medieval ao longo de cerca de 400 anos de história significa debruçarmo-nos no estudo de conjunturas e de estruturas que acompanham o próprio devir histórico do Reino Português desde a sua formação ao dealbar para o mundo Moderno. O facto de constituir território da Ordem de Santiago, que aí terá estabelecido a sua primeira e última sede conventual, influencia todo o desenvolvimento da vida local e é, sobretudo, a partir desse enquadramento que partimos. Importa, por isso, perceber de que modo as instituições e as pessoas que as representavam se interrelacionavam em Palmela e entender as permeabilidades existentes entre as mesmas, sobretudo ao nível da oligarquia local. Simultaneamente, perceber a evolução destes comportamentos levar-nos-á também a percepcionar as lógicas de ocupação e de exploração do espaço, procurando traçar-se uma geografia dos poderes e uma sociologia do espaço. Por fim, e porque Palmela não constitui um território isolado no Reino Português, abordaremos as relações institucionais estabelecidas com os concelhos vizinhos e que, na devida medida, influenciam as dinâmicas económicas e sociais em Palmela». In Resumo

«O estudo das Ordens Militares em contexto medieval português constitui já um foco de análise substancial por parte da historiografia portuguesa, não obstante existam alguns desequilíbrios quantitativos na sua abordagem temática. Apesar de distarem alguns anos em relação a este trabalho, os balanços historiográficos feitos por Luís Filipe Oliveira em 2009, na introdução ao estudo dos mestres e comendadores das Ordens de Santiago e de Avis, e aquele que levámos a cabo em 2010 no âmbito da nossa dissertação de mestrado, continuam ainda actuais, sendo fundamental referir também o balanço efectuado igualmente em 2010 no âmbito do lançamento do livro The Historiography of Medieval Portugal (c. 1950-2010). De então para cá foram produzidos alguns trabalhos que se constituem como contributos preciosos para o desenvolvimento desta linha historiográfica. Desde logo aqueles desenvolvidos na FCSH/Nova por intermédio de João Costa (2010), relativo à comenda de Palmela em 1510, e de Cláudio Neto (2012), sobre a representação dos freires das ordens militares na poesia medieval trovadoresca. Mais a Norte, tem sido a FLUP, através das publicações do CEPESE, nomeadamente a Militarium Ordinum Analecta que continua a destacar as ordens militares. Deste conjunto, importa salientar a edição do trabalho de António Pestana Vasconcelos sobre a Nobreza e as Ordens Militares entre os séculos XIV e XVI, tese defendida em 2008 e publicada em 2012 e que, contemporâneo do trabalho acima referido de Luís Filipe Oliveira, baseia-se na análise social das ordens, abandonando a esfera, sobretudo, institucional e normativa à qual tem sido dado ênfase naquela universidade. Em 2013, na mesma colecção publicou-se um interessante estudo dedicado, na sua primeira parte, ao conceptualismo no âmbito das ordens militares, sobretudo em torno do conceito de comenda.
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Enquadramentos
«Em termos histórico-geográficos podemos enquadrar a Península de Setúbal entre, a Norte, o curso do rio Tejo e o perímetro da comenda de Belmonte da Ordem de Santiago, a Sul, o Rio Sado e o Oceano Atlântico, delimitado nesta banda pela comenda de Sesimbra, vila de Setúbal e o lugar da Marateca, do mesmo senhorio, tocando a Este os limites de Alcácer, Canha e Cabrela e o curso da ribeira de Canha, sendo demarcada a Oeste pela costa atlântica e pelos limites ocidentais de Almada e de Sesimbra. Este casulo geográfico, em virtude da sua posição de interface em relação a Lisboa e estabelecendo um eixo comunicacional entre o Norte e o Sul do que viria a constituir o Reino português, cedo se revelou uma zona de controlo essencial para, por um lado, as forças cristãs no seu afã bélico rumo ao Algarve e, por outro lado, para as hostes muçulmanas que tinham na península uma série de postos avançados, nomeadamente Almada, Coina e Palmela, que funcionavam como atalaias e primeiros pontos de defesa de Alcácer». In João Tiago S. Costa, Palmela. O Espaço e as Gentes. Séculos (XII-XVI), Tese de Doutoramento em História Medieval, FCT, FSE, MEC, QREN-POPH, 2016.

Cortesia de FCT/FSE/MEC/JDACT