Cortesia
de wikipedia e jdact
«(…) Em todo caso, era duvidoso
que estivesse correndo perigo. O príncipe William era um libertino experiente e
acostumado a mulheres bonitas, e não se sentiria atraído por alguém como ela.
Como não tinha tempo de lhe administrar à infusão a base de ervas que preparava
para seu pai, era uma sorte que estivesse a salvo de qualquer pensamento
libidinoso que pudesse ter o filho do rei. Um príncipe merece a companhia da
filha do senhor do castelo, disse ele, enquanto ficava em pé. Era um homem
alto, e embora não fosse tão corpulento como alguns dos soldados de seu pai,
era esbelto e elegante. Depois de rodear a mesa, segurou-a pela mão e disse com
voz firme: venha, minha senhora. Enquanto suporta a minha companhia, pode-me
falar dos passatempos que há neste lugar incivilizado. O pai de Elizabeth estava
olhando-os atónito. Nem sequer tinha conseguido levantar-se quando seu
convidado de honra o tinha feito, e permanecia imóvel e com a boca aberta. Elizabeth
se surpreendeu ao notar como a mão do príncipe era calejada, porque tinha dado por
feito que tivesse a pele suave como a de um bebê. Embora tivesse ouvido que
além de estar versado nas artes amorosas também era um soldado experiente, e
sem dúvida as longas horas de treinamento com as armas o tinham curtido. Certamente,
não lhe faltava força. Antes que seu pai pudesse protestar…, ou dizer que ela devia
satisfazer a seu convidado de honra, o príncipe a afastou da fumaça e do calor
do grande salão ao conduzi-la para um corredor deserto e mal iluminado. Por
onde temos que ir?, perguntou ele com calma. Aonde devo levá-lo?
A Elizabeth pareceu um milagre
que sua voz não tremesse, porque estava a ponto de deixar-se arrastar pelo
pânico. Aquele homem era mais corpulento e forte que ela, e a sua brutalidade
era de domínio público. Não estava interessada em deitar-se com um homem terno,
mas muito menos com um monstro.
A meus aposentos. Quando
chegarmos, poderá retornar aos seus, onde passará mais uma casta noite sob o tecto
de seu pai antes de desperdiçar sua vida no convento. Não vou fazer-lhe nenhum
mal, lady Elizabeth. Ela até teria acreditado, se não fosse pela ironia que
notou em sua voz. Observou-o sob a luz tênue das tochas, e tentou ler sua
expressão. As sombras que banhavam seu rosto faziam que parecesse tão perigoso
como diziam que era, e não pôde evitar sentir-se ainda mais inquieta. Nesse
momento não podia fazer nada. Ele continuava segurando-a pela mão com firmeza, assim
não tinha opção a não ser levá-lo para seus aposentos e rezar para que algo o
distraísse pelo caminho. É obvio meu senhor, disse com fingida submissão.
Pôs-se a andar imediatamente, mas por culpa do nervosismo se esqueceu de
avançar com os passos curtos que eram considerados adequados para uma mulher.
Ele a seguiu sem dificuldade, com uma graça quase indolente.
Elizabeth sabia que sem dúvida o
tinham instalado nos melhores aposentos do castelo, que estavam situadas no
quente recinto da torre sul, e em pouco tempo percorreram os longos corredores.
Não se cruzaram com ninguém… Não viram nem as criadas, nem a um dos seus
irmãos, nem a algum monge que os olhasse com desaprovação. Enquanto avançavam pelos
corredores desertos, deu-se conta de que só contava com o seu cérebro, porque
ninguém ia resgatá-la. Embora parecesse bastante improvável que realmente
estivesse correndo perigo. A porta do recinto estava fechada para mantê-lo
aquecido, e quando chegaram se deteve em seco enquanto pensava a toda
velocidade. Se fingisse um desmaio, William teria bastante dificuldade de
levantá-la do chão apesar de sua altura. Embora fosse um príncipe, sem dúvida
não demoraria a encontrar alguém que o ajudasse, apesar de que o título lhe era
outorgado por pura cortesia.
Também lhe podia dar um bom chuto
na canela. Soltaria asua mão com o susto, e poderia aproveitar a oportunidade
para sair correndo; apesar de que ele devesse ser mais veloz, ela contava com a
vantagem de conhecer bem o terreno e de saber onde havia esconderijos nos quais
poderia passar o resto da sua vida. Embora também pudesse aceitar sua recusa
sem discutir. Muitas mulheres tinham suportado coisas assim durante séculos, e
havia incontáveis mártires que tinham sido desonradas e assassinadas. Talvez
fosse transformar-se noutra vítima daquele príncipe depravado, de modo que
alcançaria a santidade directamente e sem ter que passar antes pelo convento». In
Anne Stuart, Desejos Ocultos, Harlequin, Harper Collins
Ibérica, 2014, ISBN: 978-846-875-034-7.
Cortesia de Harlequin/Harper
Collins Ibérica/JDACT