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Como
o Vaticano Vendeu a Alma
«(…) A polícia de Giani trava o
homem, informando imediatamente a Residência Papal:
O homem, vulgo Julian Jugarean,
nacionalidade romena, de aproximadamente 43 anos, era já conhecido por idênticas
iniciativas, justificadas de acordo com o ensinamento que rccebe do Senhor para
combater o terrorismo e pela paz no mundo. Afirma ter escrito uma carta ao Papa
pretendendo uma resposta imediata, ameaçando lançar-se no vazio. Através da
Direcção de Saúde e Higiene pedi a presença de um psicólogo, mesmo que o
manifestante, apesar das delirantes afirmações, nunca tenha entrado cm escandecência
(após meia hora, prossegue a nota, também intervieram no local o monsenhor
secretário geral da Governadoria,
na época, Carlo Maria Viganò e, a meu pedido, um diplomata romeno, presente na cerimónia.
Entretanto, os bombeiros desta direcção estavam prontos com equipamento
adequado para uma eventual intervenção forçada, enquanto outros bombeiros
italianos, avisados por nós, se juntaram imediatamente na praça Pio XII munidos
de telas de salto, não utilizadas). Ao mesmo tempo, estava a terminar a
cerimónia e o Santo Padre reentrava na Basílica. A este ponto o psicólogo, que
sempre conversou e abordou o desconhecido em inglês, avisava-o que, se o seu
objectivo fosse o de se exibir, poderia ser considerado um falhanço, dado que o
Papa estava para regressar e ninguém deu conta dele. O homem aceitou, lançou na
praça uma Bíblia em italiano que tinha consigo, da qual tinha queimado algumas
páginas, gesto que intercalava com outras frases e declarações sem sentido,
subiu agilmente a balaustrada e chegou ao terraço interior para se entregar voluntariamente.
Jugarean, que nunca ofereceu resistência, foi depois acompanhado aos gabinetes
deste Comando. Foi fotografado, sujeito a revista pessoal e ouvido (no decorrer
do interrogatório, lê se no documento, declarou ser Julian Stelian Jugarean, de
nacionalidade romena, nascido em 27 de Dezembro de 1967 (…), sem-abrigo em Roma,
com um ponto de permanência debaixo da ponte Sublicio…) De acordo com as suas afirmações,
domingo de manhã, por volta das 10h20, foi sozinho ao Vaticano. Entrou na praça
do Santo Ofício (maldito) depois de ter
sido sujeito ao controlo da Polícia (...), aproveitando um momento propício, subiu
agilmente o andaime, alcançando a cúpula. O indivíduo, que se proclama cristão,
declarou ser desempregado, não usar drogas ou psicofármacos, e admitiu já ter vindo
assistir às audiências gerais do Papa com o mesmo objectivo, mas de nunca ter tido
a possibilidade de subir o andaime devido à presença constante da Polícia.
Confirmou os motivos da manifestação, acrescentando o seu conflito com os muçulmanos,
porque se suicidam, assassinando cristãos.
O
romeno foi entregue à Polícia italiana juntamente com os seus objectos pessoais
apreendidos, além dos vários relatórios do processo, preenchidos pele Polícia dentro
dos muros. Chegado a Itália, o juiz solta-o imediatamente, uma vez que, para estes
crimes, a legislação não prevê tal pena, como refere Giani ao secretário do
Papa. Contudo, o juiz emprega o tratamento de saúde obrigatório, pata o
entregar, posteriormente, ao gabinete de imigração para eventual expulsão». In
Gianluigi Nuzzi, Sua Santidade, As Cartas Secretas de Bento XVI, Como
o Vaticano Vendeu a Alma, 2012, Bertrand Editora, 2012, ISBN 978-972-252-521-3.
Cortesia de BertrandE/JDACT