terça-feira, 17 de março de 2020

Os Cinco Templários de Jesus. Didier Convard. «Alguns já começavam a preparar os cavalos. Longmaur não saiu do lugar e olhava, com desprezo, os champanheses se aproximarem…»

Cortesia de wikipedia e jdact

Os cinco cavaleiros
«(…) À sombra de uma das tendas encostadas nas paredes de um entreposto, dois cavaleiros terminavam a toillete. Um deles, que tinha por volta de trinta anos, cabelos louros, faces fundas e mal-barbeadas, orelhas ligeiramente de abano, inspirava simpatia imediata. Ele aspergia alegremente o próprio torso com a água retirada em grandes e generosas braçadas de uma tina. O segundo, mais velho, mais sombrio, de altura imponente, a pele queimada pelo sol, uma barbicha negra que agredia o queixo pontudo, vestia um colete feito de tecido grosso e coberto de couro. Apontando para a embarcação que estava sendo amarrada no cais, ele não dissimulou uma certa hostilidade para anunciar: eis os seus amigos, Sylbert. Tivemos de esperá-los demais! Estou com pressa de chegar a Jerusalém. O primeiro se sacudiu, olhou na direcção da nau e frisou: você não traz os champanheses no coração, Longmaur. Pode-se adivinhar só pelo tom da sua voz. Para ser sincero, não escondo que preferia que estivessem ao nosso lado com o seu exército na tomada da Cidade Santa. Sem dúvida, não teríamos perdido tantos bons companheiros. Sylbert vestiu-se rapidamente, apressado para ir receber os convidados. Longmaur demonstrou toda a calma para amarrar o cinto, equipar-se com a bainha da espada e enfiar as calças justas. Da prancha de desembarque do navio, desciam peregrinos, padres, monges e cavaleiros em pequenos grupos.
Estou vendo o meu primo Sylbert, disse Payns, apontando o homem de pernas compridas que vinha correndo na direcção deles, com cabelos desgrenhados e batendo os braços no ar para ser visto pelos recém-chegados. Eu o reconheci. Uma recepção bem insignificante!, observou secamente o conde. Balduíno deve ter ficado decepcionado por receber apenas cinco peregrinos acompanhados de um punhado de escudeiros, ressaltou Payns. Sem dúvida, ele preferia que o conde de Champagne viajasse à frente de uma grande tropa! Para todos os efeitos, viemos aqui a título particular. E é melhor assim. Cada um dos cinco cavaleiros estava acompanhado por um escudeiro. Mal puseram os pés no cais, Sylbert correu para o conde e estendeu os braços num gesto amigável. Senhor Hugues, estou muito contente por abraçá-lo. O mesmo acontece comigo, irmão. Um rosto amigo é um consolo para quem desembarca nesta terra desconhecida. Ainda mais porque não estou acostumado às viagens.
Em seguida, Sylbert, o amistoso Sylbert, literalmente se jogou sobre Payns para beijá-lo, lhe devorando as faces, a tal ponto estava entusiasmado. Meu primo! Meu bom primo! Que belo dia, não é? Faz três anos... Não, quatro... Sim, quatro anos que não nos vemos! E você não engordou nada. Continua a se alimentar de castanhas, água da chuva e pão duro? Payns havia segurado Sylbert pelo pescoço e se deixou abraçar por esse homem bondoso, por mais exuberante que fosse. Arcis, Geoffroy e Basile, ligeiramente atrás, se divertiam com o espectáculo e sorriram apesar das expressões alteradas, cansadas pela travessia. Quanto aos escudeiros, eles puseram a pesada bagagem no chão, para não se cansarem desnecessariamente, enquanto aguardavam que as intermináveis efusões terminassem. Sylbert levou o grupo para as tendas dos cruzados que tinham vindo recepcioná-los.
Alguns já começavam a preparar os cavalos. Longmaur não saiu do lugar e olhava, com desprezo, os champanheses se aproximarem. Payns e o conde Hugues andavam ao lado de Sylbert. Em voz baixa, de modo a que os escudeiros não ouvissem, Payns interrogou o primo: as buscas de Balduíno estão progredindo? Sylbert deu de ombros. Os engenheiros e os escavadores não cessam de esquadrinhar o Templo, convencidos do que se dedicam a procurar os tesouros de Salomão... Eles recolheram alguns bibelôs de ouro. Urnas e vasos. Para todos, o Túmulo do Cristo já foi liberado. Mas Bucelin, o núncio do papa, vive pressionando o rei para que seja descoberto o túmulo do Impostor. O papa Pascoal morre de vontade de passar à nossa frente, frisou Hugues. É evidente que Bucelin conhece a razão da vinda de vocês, apontou Sylbert. Devemos agir com muita discrição e desconfiar dos cruzados, recomendou Payns. A contragosto, Longmaur decidiu sair e demonstrar um pouco de polidez para com os champanheses. Imediatamente, Sylbert cochichou: nem mais uma palavra, eis que o cavaleiro Longmaur se aproxima, um fiel de Balduíno. Um soldado corajoso, tão subtil quanto uma ostra! Eu estava ao lado dele na tomada da Cidade Santa; esse homem é um verdadeiro carniceiro... Ele cortou os adversários melhor do que um esquartejador teria feito. Ah, deviam vê-lo patinhar no sangue, estripando e cortando homens, mulheres e crianças! Infatigável e labutador!» In Didier Convard, O Triângulo Secreto, Os Cinco Templários de Jesus, 2006, Editora Bertrand Brasil, 2013, ISBN 978-852-861-663-7.
                                                        
Cortesia de EBertrandBrasil/JDACT