Cortesia
de wikipedia e jdact
Los
Angeles. Outubro de 2004
«(…) Peter muitas vezes
especulara sobre a definição da palavra carisma, tal qual era usada no contexto
sobrenatural dos primeiros tempos da Igreja: carisma, uma dádiva ou poder de concessão
divina. Talvez se aplicasse a Maureen de maneira mais literal e profunda do que
qualquer um dos dois jamais concebera. Ele mantinha um diário das suas
conversas com Maureen, desde aqueles primeiros telefonemas internacionais, onde
registava as suas próprias percepções sobre o significado dos sonhos. E orava
todos os dias por orientação..., se Maureen fora escolhida por Deus para
desempenhar alguma missão relacionada à Paixão, e ele tinha cada vez mais
certeza de que era esse período que ela testemunhava em seus sonhos, Peter
precisaria do máximo de orientação do seu Criador. E de sua Igreja.
Le Château des Pommes Bleues
Languedoc, região da França. Outubro de
2004
Marie de Nègre escolherá quando
chegar o momento de A Escolhida. Ela que nasceu do Cordeiro Pascal,
quando o dia e a noite são iguais, ela que é filha da Ressurreição. Ela que carrega
o Sangre-real receberá a chave, ao contemplar o Dia Tenebroso do Crânio. Ela se
tornará a nova Pastora e nos mostrará O Caminho. Lorde Berenger Sinclair
andava de um lado para outro do assoalho envernizado da sua biblioteca. As
chamas na enorme lareira de pedra projectavam uma claridade dourada numa colecção
de livros e manuscritos de valor inestimável. Um estandarte esfarrapado pendia numa
vitrine que se estendia por toda a extensão da enorme lareira. Outrora branco,
o tecido amarelado tinha uma flor-de-lis dourada, bastante desbotada. O nome
composto Jhesus-Maria estava bordado na entretela, mas só era visível para os
poucos que tinham a oportunidade de se aproximar daquela relíquia.
Sinclair recitou a profecia em
voz alta, de cor, o ligeiro sotaque escocês prolongando os erres. Conhecia
aquelas palavras havia muito tempo. Aprendera-as sentado no colo do avô, quando
era pequeno. Não compreendia o significado das frases naquele tempo. Era apenas
um jogo de memorização que fazia com o avô, quando passava o Verão na vasta
propriedade da família na França.
Ele parou de andar para se postar
diante de uma linhagem extraordinária. Uma árvore genealógica, estendendo-se ao
longo de séculos, estava pintada na parede do chão ao tecto, por toda a sua
extensão. Um imponente mural exibia a história dos ancestrais de Berenger.
Aquele ramo da família Sinclair
era um dos mais antigos da Europa. Originalmente chamada Saint Clair, a família
fora expulsa do território continental da Europa e fora se refugiar na Escócia,
no século XIII. Ali, o sobrenome fora mais tarde anglicizado para a sua forma actual.
Os ancestrais de Berenger eram alguns dos personagens mais ilustres da história
britânica, incluindo Jaime I, da Inglaterra, e aquela infame rainha-mãe Maria
I, da Escócia.
A
influente, prática e perceptiva família Sinclair conseguira sobreviver a
guerras civis e convulsões políticas na Escócia, actuando nos dois lados da
coroa, ao longo da tumultuada história do país. Capitão de indústria no século
XX, o avô de Berenger acumulara uma das maiores fortunas da Europa, com a
fundação da companhia North Sea Oil, para explorar petróleo no mar do Norte.
Várias vezes bilionário e um par do reino, com assento na Câmara dos Lordes,
Alistair Sinclair tinha tudo o que qualquer homem podia pedir. Mas permanecera
irrequieto e insatisfeito, alguém que procurava alguma coisa que a sua fortuna não
podia comprar.
O
avô Alistair tornara-se obcecado pela França. Comprara um enorme castelo nos arredores
da aldeia de Arques, na rude e misteriosa região sudoeste, conhecida como o Languedoc.
Dera à sua nova residência o nome de Château des Pommes Bleues, o
Castelo das Maçãs Azuis, por motivos que só eram conhecidos de uns poucos
iniciados». In Kathleen McGowan, O Segredo do Anel, Editora Rocco, 2006, ISBN
853-252-096-0.
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