quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Portugal. A Primeira Nação Templária. Freddy Silva.«… o conde Henrique era conhecido do papa Urbano II, que o nomeou um dos doze líderes dessa expedição sagrada. E há mais. Os monges cistercienses eram escritores consumados…»

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Numa terra do oeste da Ibéria chamada Lusitânia

«A aventura do conde Henrique raramente é reconhecida na história. No entanto, as suas viagens até à Palestina são asseveradas por um cronista da Ordem de Cister, que também observou como o conde era acompanhado por um monge português da Ermida de São Julião. Mais provas desta viagem vêm de fontes estrangeiras, nem todas apoiantes dos portugueses, além do mais, como o padre Zapater, cronista da Ordem de Cister na corte espanhola de Aragão. Um relato posterior de um membro da Ordem dos Templários vai ao ponto de afirmar que o conde Henrique era conhecido do papa Urbano II, que o nomeou um dos doze líderes dessa expedição sagrada. E há mais. Os monges cistercienses eram escritores consumados. Redigiram copiosos volumes sobre os acontecimentos do seu tempo, e num desses relatos afirmam que, na Palestina, Henrique venerou os locais sagrados, e, em troca da sua fiel assistência, um grato rei de Jerusalém, um cavaleiro flamengo, deu-lhe a custódia de várias relíquias sagradas, incluindo a lança usada na crucificação de Cristo, amostras da coroa de espinhos e o manto de Maria Madalena.

No fim de 1099, o mesmo rei enviou o conde Henrique de volta a Portugal. Ao chegar, partiu prontamente para a cidade de Braga, acompanhado por Geraldo, o em breve arcebispo francês dessa cidade, após o que depositaram as ditas relíquias sagradas dentro da sua igreja principal. Henrique passou os dois anos seguintes a viajar entre a cidade de Coimbra (para administrar os assuntos de Estado) e a sua corte em Guimarães (para atender à sua esposa negligenciada), antes de embarcar numa segunda viagem à Palestina em 1103, de novo com a frota genovesa, desta vez acompanhado por dom Maurício, bispo francês de Coimbra, juntamente com Guido da Lusitânia e outros nobres da região.Três anos depois, o conde Henrique e o bispo estão de volta a Coimbra, como é evidenciado pela assinatura do conde num documento. Portanto, não só os relatos põem o sempre viajante conde de Portucale em Jerusalém na altura da cruzada, duas vezes, como também oferecem outra revelação: enunciam o nome do cavaleiro flamengo, rei de Jerusalém, que originalmente lhe entregou os artefactos religiosos para que os guardasse em Portucale, pois na descrição dos movimentos do conde Henrique consta que o seu valor era estimado por Godofredo, rei de Jerusalém. O que leva à pergunta: o que aconteceu no cerco de Jerusalém, e como foi que um cavaleiro flamengo de classe social média atingiu o mais alto lugar do poder na cidade de Deus?

1099. Junho. Fora dos portões de Jerusalém

O contorno da cidade tremeluzia e refractava ao calor escaldante do sol de verão. Soldados choravam abertamente ao ver esta aparição divina, a miragem agora demasiado real. E embora se tivessem saído melhor do que a mal organizada Cruzada do Povo, só cerca de doze mil dos trinta e quatro mil cruzados originais chegaram ao destino pretendido. O terreno em torno da cidade no topo da colina era árido devido ao calor implacável. Os homens tinham sede e fome e eram em número insuficiente para montar um cerco. A única opção era um ataque total.

Cruzados vendo Jerusalém pela primeira vez.

Cinco semanas depois, as muralhas da cidade mantinham-se resilientes a todos os ataques. Melhores notícias chegaram a 17 de Junho, quando navios de Génova ancoraram em Jafa para fornecer aos líderes dos exércitos engenheiros competentes e, consequentemente, com a capacidade de construir armas de cerco a partir de madeira canibalizada dos seus navios. O ar abafado tornava a pressa impossível, até que a notícia da chegada iminente de reforços árabes que marchavam desde o Egipto motivou os cruzados a agir. Com um esforço final, lançaram todos os projécteis contra as muralhas da cidade a partir do norte e do sul, até que os muros que protegiam Jerusalém cederam. A vitória era deles». In Freddy Silva, Portugal. A Primeira Nação Templária, 2017, Alma dos Livros, 2018, ISBN 978-989-890-700-4.

Cortesia de EAlmadosLivros/JDACT

JDACT, Freddy Silva, Cultura, Conhecimento, Saber, Narrativa,