sábado, 13 de outubro de 2012

Guimarães. Barroso da Fonte. As Duas Cabeças. «Por isso o mapa da época chama Algarve ao Norte de África, o que explica os títulos dos reis portugueses de então: ‘Senhor dos Algarves, de Aquém e Além-Mar em África’»


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(Continuação)
«’Em 1458, após várias discussões na Corte, a ofensiva africana seguia em frente: em 23 de Outubro de 1458, Afonso V toma Alcácer Ceguer aos mouros. Situada a meio caminho entre Tânger e Ceuta, Alcácer Ceguer será portuguesa durante 102 anos, mas a sua importância foi sendo cada vez menor por culpa da capacidade inimiga. Assim, a conquista e a expansão portuguesas em Marrocos praticamente nunca passaram do litoral, dada a força crescente dos inimigos que se aliavam pontualmente contra Portugal. O nosso único grande recurso era o poder naval. E isso ressalta claramente quando se olha para o mapa e se verifica que de Alcácer Ceguer a Mogador são tudo fortalezas erguidas na costa, castelos de pedra fincados na areia e beijados pelo Atlântico, o mesmo do Algarve, de Lisboa e do Porto. Daí Alcácer Ceguer, Arzila, Casablanca, Azamor, Mazagão, Safi, Aguz e Mogador. Batalhar em África, nesse tempo, era deixar abertas as linhas de navegação que conduziam à Índia e guardar os apetites contra o Algarve. Por isso o mapa da época chama Algarve ao Norte de África, o que explica os títulos dos reis portugueses de então: ‘Senhor dos Algarves, de Aquém e Além-Mar em África’.

Em 1513, Jaime, quarto duque de Bragança, conquista Azamor
Já vimos que o quarto duque de Bragança, Jaime, conquistou Mazagão, em 29 de Agosto de 1513. Aportou aí por conveniência, já que o seu principal objectivo era a conquista do porto de Azamor, cumprindo ordens de Manuel I, seu tio.
Em Mazagão que um ano depois estava transformado num dos mais importantes portos do norte de África, o duque Jaime estacionou para os preparativos do assalto a Azamor.
O historiador Damião Peres escreveu, em 1951, um opúsculo acerca da ‘conquista de Azamor pelo Duque de Bragança, Jaime’. Nesse opúsculo resume os pormenores do ataque e da ocupação desta fortaleza que teve grande importância para o nosso país.
Diz Damião Peres que na manhã de 3 de Setembro de 1513 fez Jaime a entrada triunfal em Azamor, acompanhado do seu luzido estado-maior de fidalgos. Algumas povoações vizinhas de Azamor, mal souberam da eficácia da operação, abandonaram as suas habitações. E esse feito lusitano assustou a população marroquina, a ponto de chegarem a Portugal os ecos desse feito expansionista.
Damião Peres começa o seu estudo afirmando que nos primeiros anos do século XVI o domínio português em Marrocos cifra-se na posse das praças setentrionais: Ceuta, Alcácer-Ceguer, Tânger, Arzila, Safim, Azamor e Meça». In Barroso da Fonte, Guimarães e as Duas Caras, Editora Correio do Minho, 1994, ISBN 972-95513-8-3.

Cortesia de Guimarães/JDACT