(Continuação)
«’Em 1458, após várias discussões na Corte, a ofensiva
africana seguia em frente: em 23 de Outubro de 1458, Afonso V toma Alcácer
Ceguer aos mouros. Situada a meio caminho entre Tânger e Ceuta, Alcácer Ceguer
será portuguesa durante 102 anos, mas a sua importância foi sendo cada vez
menor por culpa da capacidade inimiga. Assim, a conquista e a expansão portuguesas
em Marrocos praticamente nunca passaram do litoral, dada a força crescente dos
inimigos que se aliavam pontualmente contra Portugal. O nosso único grande
recurso era o poder naval. E isso ressalta claramente quando se olha para o
mapa e se verifica que de Alcácer Ceguer a Mogador são tudo fortalezas erguidas
na costa, castelos de pedra fincados na areia e beijados pelo Atlântico, o mesmo
do Algarve, de Lisboa e do Porto. Daí Alcácer Ceguer, Arzila, Casablanca,
Azamor, Mazagão, Safi, Aguz e Mogador. Batalhar em África, nesse tempo, era
deixar abertas as linhas de navegação que conduziam à Índia e guardar os apetites
contra o Algarve. Por isso o mapa da época chama Algarve ao Norte de África, o
que explica os títulos dos reis portugueses de então: ‘Senhor dos Algarves, de
Aquém e Além-Mar em África’.
Em 1513, Jaime, quarto duque de Bragança, conquista Azamor
Já vimos que o quarto duque de Bragança, Jaime, conquistou Mazagão,
em 29 de Agosto de 1513. Aportou aí por conveniência, já que o seu principal
objectivo era a conquista do porto de Azamor, cumprindo ordens de Manuel I, seu
tio.
Em Mazagão que um ano depois estava transformado num dos
mais importantes portos do norte de África, o duque Jaime estacionou para os preparativos
do assalto a Azamor.
O historiador Damião Peres escreveu, em 1951, um opúsculo
acerca da ‘conquista de Azamor pelo Duque de Bragança, Jaime’. Nesse opúsculo
resume os pormenores do ataque e da ocupação desta fortaleza que teve grande
importância para o nosso país.
Diz Damião Peres que na manhã de 3 de Setembro de 1513 fez Jaime
a entrada triunfal em Azamor, acompanhado do seu luzido estado-maior de fidalgos.
Algumas povoações vizinhas de Azamor, mal souberam da eficácia da operação, abandonaram
as suas habitações. E esse feito lusitano assustou a população marroquina, a
ponto de chegarem a Portugal os ecos desse feito expansionista.
Damião Peres começa o seu estudo afirmando que nos primeiros
anos do século XVI o domínio português em Marrocos cifra-se na posse das praças
setentrionais: Ceuta, Alcácer-Ceguer, Tânger, Arzila, Safim, Azamor e Meça». In
Barroso da Fonte, Guimarães e as Duas Caras, Editora Correio do Minho, 1994,
ISBN 972-95513-8-3.
Cortesia de Guimarães/JDACT